Questionado sobre a intenção do executivo em colocar 170 mil casas no mercado para atrair jovens para o centro das cidades, num projeto a lançar na segunda parte da legislatura, após as autárquicas, João Matos Fernandes frisou que “é esse o projeto de grande fôlego numa nova política de habitação do Governo”.

“Essencialmente, aquilo que nós queremos, num processo que não demorará menos de um ano, é seduzir com boas razões os senhorios, isto é, os donos dos prédios, para que sejam nossos parceiros neste projeto de arrendamento acessível” disse João Matos Fernandes aos jornalistas, à margem da sessão de consignação da obra de desassoreamento do rio Mondego, em Coimbra.

No arrendamento acessível, indicou, os preços “naturalmente são abaixo dos preços de mercado”, estimando essa redução em 20% a 25%.

Disse que o arrendamento acessível “não é habitação social” e que as rendas são pagas “não de acordo com o rendimento das famílias”, mas conforme a tipologia das habitações.

“Um T2 custa mais do que um T1, um T3 custa mais que um T2, [as rendas são pagas] de acordo com a própria oferta habitacional que existe”, declarou.

O ministro argumentou ainda que política pública de habitação até aqui “tem estado exclusivamente focada na habitação social” e o Governo “sem descurar nunca a habitação social, pensada nas famílias e nas pessoas mais carenciadas”, entende que essa política “já não basta para resolver os problemas de habitação em Portugal”.

“Há um número muito alargado de famílias que está em falha de mercado, isto é, não consegue encontrar uma habitação”, frisou.

Disse também que o executivo quer pôr em prática uma nova política de habitação, “mas sem fazer do Estado um empreiteiro”.

Em julho, o secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, elegeu como prioridade para a segunda parte da legislatura criar uma política de habitação que dê a possibilidade à classe média e aos jovens de arrendarem casa nos centros das cidades.

António Costa disse ser necessário as autarquias fazerem “mais e melhor” em áreas como a saúde, educação e valorização do património, entre outras, no âmbito da descentralização de competências, para que o Governo “possa também assumir novas politicas em áreas decisivas”, como a habitação.

“Temos de ter uma política de habitação acessível para a classe média e, em particular, para as novas gerações”, que se confrontam com preços “inacessíveis” no mercado do arrendamento, frisou.