Durante o mês de agosto e no passado fim de semana, Erdogan pronunciou diversos discursos para assinalar o 100.º aniversário da vitória da Turquia na guerra de três anos contra a Grécia (1919-1922) e que teve como desfecho o anúncio da fundação da República da Turquia em 1923.

Segundo Atenas, o Presidente turco acusou a Grécia de “ocupar” as ilhas do mar Egeu, cujo estatuto ficou definido nos tratados do pós-guerra, advertindo que as Forças Armadas turcas poderiam “intervir de um dia para o outro” e “fazer o necessário”.

“O preço será elevado se forem mais longe”, insistiu Erdogan numa alusão à queda de Esmirna (atual Izmir turca) em 1922, seguida do incêndio da cidade situada nas costas do mar Egeu e o massacre ou expulsão das populações não muçulmana, em particular os gregos locais, instalados na região há mais de dois milénios.

As cartas hoje enviadas pelas autoridades gregas à ONU, UE e NATO (aliança que Grécia e Turquia integram) consideram as declarações de Erdogan “abertamente ameaçadoras” e “inaceitáveis”.

As autoridades gregas sublinham que a Turquia possui uma importante frota naval e um corpo do exército estacionados nas proximidades das ilhas em questão, e recordam que o país invadiu a ilha de Chipre em 1974.

Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Grécia, Nikos Dendias, considerou as declarações dos responsáveis turcos “cada vez mais escandalosas e inaceitáveis”, e assegurou na mesma ocasião que o exército grego “é suficiente para defender a pátria” helénica.

Nos últimos meses, Erdogan intensificou os ataques verbais contra a Grécia, num contexto eleitoral com a aproximação de decisivos escrutínios legislativo e presidencial na Turquia em 2023.

Os dois países vizinhos disputam desde há anos as fronteiras marítimas e os direitos de exploração energética em diversos setores do mar Egeu, num contencioso que se estende a outras regiões do Mediterrâneo oriental.

Atenas também acusa a Força Aérea turca de sobrevoar com frequência as ilhas gregas. Por sua vez, a Turquia tem manifestado a sua oposição aos recentes acordos de defesa gregos, firmados com a França e os Estados Unidos.