“Estou a manifestar preocupação relativamente aos doentes. Naturalmente que as greves têm sempre algum prejuízo lateral para os doentes”, afirmou Miguel Guimarães aos jornalistas, à margem da participação num evento na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
Para o bastonário, o Governo e o ministério da Saúde “devem encetar diálogo com os enfermeiros, nomeadamente com os sindicatos, e tentar chegar a um acordo equilibrado, dentro das possibilidades do próprio país, no sentido de atender a, pelo menos, uma das reivindicações dos enfermeiros, que é os enfermeiros especialistas ter uma remuneração melhor”.
Questionado sobre a informação de que centenas de cirurgias foram esta semana adiadas devido à greve dos enfermeiros, o bastonário dos Médicos admitiu desconhecer se a paralisação está a colocar em causa “serviços mínimos, como urgências ou bloco de partos”.
“É evidente que as greves são instrumentos sindicais perfeitamente legítimos e normais. Existe sempre algum prejuízo para atendimento dos doentes, seja em contexto de consulta externa ou de bloco operatório. O que não pode acontecer é [haver] prejuízo na área dos serviços mínimos: urgências e bloco de partos. Não sei se há. Já tentei saber, mas não sei”, afirmou.
Em declarações à rádio TSF, Alexandre Lourenço, presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, revelou hoje que há centenas de cirurgias que estão a ser adiadas devido à greve dos enfermeiros.
Para Miguel Guimarães, “é natural que cirurgias não se façam”, mas “os hospitais vão resolver os problemas destes doentes [afetados pelas cirurgias adiadas] assim que puderem”.
“É desagradável [o adiamento de cirurgias], até porque algumas são por motivos oncológicos. Estes dias não são facilmente recuperáveis. Os casos mais urgentes podem realizar-se na próxima semana mas, para isso, os da próxima semana terão de ser adiados. Alguém será sempre adiado. Agora, estes doentes vão ser operados mais tarde, mas vão ser operados”, frisou.
Os enfermeiros iniciaram às 00:00 de segunda-feira uma greve, marcada pelo Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPE) e pelo Sindicato dos Enfermeiros (SE), que decorre até às 24:00 de sexta-feira.
A paralisação foi marcada como forma de protesto contra a recusa do Ministério da Saúde em aceitar a proposta de atualização gradual dos salários e de integração da categoria de especialista na carreira.
A Secretaria de Estado do Emprego considerou irregular a marcação da greve, alegando que o pré-aviso não cumpriu os dez dias úteis que determina a lei.
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