"Cidade berço de Portugal, Guimarães irá agora tornar-se no berço de uma vida nova para aqueles que são dos refugiados mais massacrados que têm chegado à Europa", disse Gabriela Nunes, da Associação para o Desenvolvimento das Comunidades Locais, uma das sete instituições daquele concelho que vai acolher os cidadãos yazidi.

Os yazidis são uma minoria religiosa que tem sido alvo de perseguição e massacres na Síria e no Iraque por parte dos apoiantes do Estado Islâmico.

Hoje, chegam a Portugal sete famílias yazidi, num total de 24 pessoas, que são acolhidas em instituições de Guimarães. Inicialmente, estava prevista a chegada de mais uma família de seis pessoas, mas a sua viagem foi cancelada por motivos de saúde.

A Associação para o Desenvolvimento das Comunidades Locais vai receber um casal e dois filhos, com dois e seis anos, e ainda um outro adulto.

Para Gabriela Nunes, o "grande desafio" não é tanto a criação das condições físicas do alojamento, porque toda a comunidade ajudou, mas sim a "integração", a começar pela língua.

A responsável sublinhou que se trata de um grupo "particularmente fragilizado", que "passou por grandes dificuldades" e que pretende agora começar um novo projeto de vida, num processo que se quer "de plena cidadania".

O Lar de Santa Estefânia vai acolher um jovem casal com um filho de nove meses, para quem foi preparada uma casa num espaço de 15 dias, fruto dos donativos de particulares e empresas, desde camas a armários, fogão, frigorífico e utensílios de cozinha.

"Era uma casa completamente despida, que se encheu num instante", disse Alves Pinto, dirigente daquele lar.

No acolhimento estão ainda envolvidos o Arciprestado de Guimarães-Vizela, a Paróquia de Nossa Senhora da Oliveira, o Centro Social e Comunitário de Tabuadelo, a Santa Casa da Misericórdia de Guimarães e o Centro Social de Brito.

Em comunicado, a Câmara de Guimarães esclarece que estes 24 refugiados se juntam aos 43 oriundos de Eritreia, Etiópia, Síria e República Centro Africana que já estão no concelho ao abrigo do plano de ação denominado "Guimarães Acolhe".

Segundo o texto, o "Guimarães Acolhe" surgiu do "imperativo humanitário" sentido pelo município e pelas 17 instituições que subscreveram aquele plano para "responder ao apelo do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e do Governo português para prover o acolhimento de pessoas com necessidade de proteção internacional".

O objetivo da autarquia é "proporcionar condições de bem-estar e segurança às pessoas acolhidas, através de um forte envolvimento da sua rede social, desenvolvendo uma ação local convergente, integrada e articulada entre todos aqueles que nele participam".

Para isso, esclarece o comunicado, os refugiados acolhidos têm acesso a aulas de português, estando alguns inseridos no mercado de trabalho e/ou a fazer formação profissional.

"Sempre que possível, são proporcionadas outras atividades que contribuam para a sua integração social, como visitas a espaços históricos e eventos locais, participação em atividades culturais e desportivas e mais, recentemente, aulas de informática", aponta o município.

Para o presidente da Câmara, Domingos Bragança, a "taxa de sucesso" do acolhimento é "evidente", já que "apenas deixaram Guimarães os que quiseram ir ao encontro de familiares colocados noutros países da Europa".