No entender do diplomata Tito Mba Ada, dar estes recursos ao IILP “é uma grande oportunidade” para o instituto, que está integrado na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O diplomata assumiu que está a apresentar uma proposta de revisão do IILP que irá defender no dia da cerimónia de lançamento da campanha de recolha de livros em português para o seu país, que vai decorrer na próxima terça-feira, na sede da CPLP.

O IILP tem o "mandato de pilotar o processo" de formação de professores para o ensino do português na Guiné Equatorial, desde a última cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, que decorreu em agosto em São Tomé e Príncipe, lembrou Tito Ada.

“Apesar da disponibilidade do IILP, essa instituição deve trabalhar para ter um corpo próprio de professores especialistas para dar respostas imediatas às necessidades de ensino na Guiné Equatorial, e não só, também à família da CPLP”, afirmou.

Segundo o embaixador, há “observadores associados com uma necessidade comum de implementação da língua portuguesa", pelo que os Estados-membros da CPLP devem “pensar em dar ao IILP a capacidade para que tenha o seu próprio quadro de docentes especialistas"

"É uma proposta", assumiu, porque "a família [CPLP] cresceu e há uma necessidade de ensino do português no mundo", lembrando que a língua portuguesa é para "ciência, mas também para negócios e para a diplomacia” e o IILP “tem a oportunidade de ocupar esse mercado".

Quanto ao ensino do português no seu país, único Estado-membro da CPLP falante de espanhol, o embaixador disse que este “é uma prioridade na agenda do Governo" da Guiné Equatorial que está “a trabalhar em várias frentes” para atingir o objetivo de ter ensino do português a funcionar nas universidades, escolas secundárias e do ensino médio.

Ainda, "há oito dias o ministro da Educação convocou uma reunião para revisão do curriculum escolar do país, com o intuito de adaptar o ensino do português nos diversos patamares do ensino”, apontou como um exemplo de que o país está a trabalhar para ter falantes de português.

Já há uma licenciatura de português aprovada na universidade de Malabo, mas ainda está a ser implementada.

Na prática, admitiu, ainda não há o ensino do português a funcionar.

"Nesta nova etapa da Guiné Equatorial, que é de cooperação, a palavra-chave é língua portuguesa, língua portuguesa, língua portuguesa", afirmou.

Segundo Tito Ada, "a estratégia [para o ensino do português] está focada na formação de docentes do sistema educativo do país".

“Temos docentes que já estão a exercer a atividade pedagógica mas não têm formação na língua portuguesa, portanto a nossa planificação vai programar uma formação contínua no idioma português” para essas pessoas, disse.

Por outro lado, há "um conjunto de profissionais preparados em várias universidades do mundo lusófono (...) em diferentes matérias, engenheiros, médicos, mas que, curiosamente, estão disponíveis para colaborar com este ambicioso programa". Estes conhecem bem a língua, portuguesa, mas precisam de formação pedagógica, adiantou.

Campanha de recolha de livros visa atrair equato-guineenses para a língua

Em declarações à Lusa em Lisboa, por antecipação ao lançamento da campanha, Tito Mba Ada disse que "o objetivo é colmatar a escassez de livros em língua portuguesa nas bibliotecas" da Guiné Equatorial, mas também "criar um ambiente propício para promover a aprendizagem e o desenvolvimento da língua portuguesa” e “incentivar o gosto pela leitura” de autores de países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da qual o seu país é Estado-membro, nos equato-guineenses.

A Guiné Equatorial é o único Estado-membro da CPLP falante de espanhol.

"O Secretariado Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Representação Permanente da Guiné Equatorial junto da CPLP organizam a cerimónia de lançamento da Campanha de Recolha de Livros em língua portuguesa para as bibliotecas públicas" daquele país, sob o tema “Olhar, saber e sentir a língua portuguesa”, no dia 14 de novembro de 2023, às 10h00, no auditório da Sede da CPLP, anunciou a organização.

Quanto aos livros que venham a ser doados no âmbito desta campanha, que se prolonga até 29 de fevereiro, serão selecionados por categorias, e, em função destas, vão ser distribuídos por bibliotecas, centros culturais, centros de ensino primário, secundário e universitário da Guiné Equatorial, acrescentou o diplomata.

Tito Mba Ada disse que as suas expetativas relativamente à campanha "são elevadíssimas" porque ainda nem arrancou e já há manifestações de disponibilidade para doar livros de várias bibliotecas, câmaras municipais e outras entidades, citando como exemplos de Montemor-o-Velho, Faro e de Penalva do Castelo, da Universidade Autónoma de Lisboa, da biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, de Braga, da Porto Editora, assim como da Confederação Empresarial da CPLP e da Fundação Calouste Gulbenkian.

Vomo esta campanha também conta "todo o apoio" do Governo equato-guineense, adianta o embaixador, o transporte dos livros de Lisboa para Malabo, capital do país já está assegurado.

De acordo com o embaixador, a Guiné Equatorial está a "apressar o ensino da língua portuguesa e a trabalhar em diferentes frentes [para isso], mas vai ter uma estratégia”.

Lembrando que na última cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, que decorreu em São Tomé e Príncipe em agosto último, houve uma recomendação ao secretariado executivo e ao Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) para “promover ainda mais o acompanhamento, com ações concretas, para a língua”.

Portanto, segundo Tito Ada, o Governo está a "por em marcha a nova licenciatura na Universidade" Nacional da Guiné Equatorial em Língua portuguesa.

Na sua última cimeira, a CPLP incentivou os seus Estados-membros a continuarem a apoiar as autoridades da Guiné Equatorial "na nova etapa do seu processo de plena integração" na comunidade, congratulando-se com os resultados obtidos até agora.

A Guiné Equatorial, uma antiga colónia espanhola, é o mais recente membro da CPLP - aderiu em julho de 2014, mediante um roteiro de adesão que previa, entre outras iniciativas, a promoção do português e a abolição da pena de morte. Esta última medida foi aprovado em setembro do ano passado, mas ainda não foi transposta para a Constituição do país.

A CPLP é composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.