“Quando se olha para Gaza, parece que os quatro cavaleiros do Apocalipse (…) estão a espalhar a guerra, a fome, a conquista e a morte”, afirmou António Guterres, numa conferência de imprensa conjunta com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Egito, Sameh Choukri, no Cairo.

“O mundo inteiro acredita que está na hora de silenciar as armas e estabelecer um cessar-fogo imediato”, acrescentou.

Durante a manhã, Guterres reuniu-se com o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, acompanhado pelo chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em ingês), Philippe Lazzarini.

A guerra em Gaza escalou em 07 de outubro, quando o grupo islamita Hamas lançou um ataque surpresa contra Israel, que resultou na morte de, pelo menos, 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em fontes oficiais de Israel.

Em resposta, Israel prometeu aniquilar o Hamas, no poder em Gaza desde 2007, e a ofensiva israelita já provocou mais de 30 mil mortos, de acordo com o último relatório do Ministério da Saúde do movimento islamita.

No sábado, o secretário-geral da ONU já tinha denunciado a dor dos habitantes de Gaza, prisioneiros de “um pesadelo sem fim”, durante uma viagem ao ponto de passagem com a cidade de Rafah, localizada no sul do território palestiniano.

Israel impôs um cerco completo a Gaza desde 09 de outubro e controla a ajuda que chega principalmente do Egito através de Rafah, controlos que, segundo a ONU, reduzem o número de camiões que entram no território palestiniano.

“De um lado da fronteira, vemos camiões humanitários até onde a vista alcança, do outro uma catástrofe humanitária que piora a cada dia”, relatou Guterres.

O secretário-geral da ONU destacou também o “papel político e humanitário vital do Egito com o aeroporto de al-Arich e o ponto de passagem de Rafah, artérias essenciais para a entrada de ajuda vital em Gaza”.

O Egito, primeiro estado árabe a reconhecer Israel, é um mediador histórico entre israelitas e palestinianos. Com o Qatar, contribuiu para o estabelecimento de uma trégua que permitiu a libertação de reféns do Hamas e prisioneiros palestinianos no final de novembro.