2016 foi um "ano muito rico" para a diplomacia portuguesa, considerou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, na abertura do seminário diplomático, em Lisboa.

Sobre a eleição do antigo primeiro-ministro português como secretário-geral das Nações Unidas, Santos Silva agradeceu "a todos, e foram todos, os que participaram nesse esforço, quer na nossa representação permanente em Nova Iorque, quer em Lisboa quer em todas as capitais".

"O segundo grande resultado foi termos conseguido fechar o processo entretanto aberto por incumprimentos orçamentais do passado sem que nenhuma sanção ou penalização fosse aplicada ao nosso país", destacou.

Neste ponto, o governante agradeceu a "contribuição inestimável de todos, mas todos, os deputados ao Parlamento Europeu, de todas as forças políticas portuguesas, de todos os nossos diplomatas e funcionários na representação permanente em Bruxelas, em Lisboa e em todas as capitais europeias".

"Evidentemente, gostaria também de agradecer a enorme contribuição e solidariedade que nos prestou o senhor comissário Carlos Moedas, que não representa Portugal na Comissão, mas ao defender a posição que defendeu, defendeu sim o interesse da Comissão Europeia e da União Europeia como tal", salientou.

O comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, foi o orador convidado para a abertura do seminário diplomático e iniciou a sua intervenção destacando as "vitórias diplomáticas" do ano passado, desde logo a eleição de Guterres, "um momento único para todos".

"Um período complicado para o nosso país foi a ameaça das penalizações no contexto do pacto de estabilidade. Fomos bem-sucedidos, evitando o que teria sido, a meu ver, um erro histórico da Europa e uma provável fonte de tensão desnecessária entre os portugueses e o projeto europeu", destacou.

Carlos Moedas comentou que, enquanto comissário europeu, não representa Portugal, e a sua tarefa passa por defender os tratados e o projeto europeu e promover esses valores junto do seu país, mas também exprimir em Bruxelas "o sentimento e a realidade desse mesmo sempre seu país".

"Entendi que nesse contexto, esse meu dever seria cumprido se eu fosse capaz de elucidar os meus colegas do enorme sacrifício e esforço dos portugueses durante o programa de ajustamento, (…) de salientar que as regras criadas durante a crise financeira tinham sérios problemas de compreensão e mesmo de metodologia e que seria injusto castigar Portugal com base em regras de complexa aplicação", disse.

Neste processo, Carlos Moedas recordou ter trabalhado "com muitas pessoas de vários países", umas que apoiavam Portugal e outras que tinham "uma visão legítima, mas algo simplista das regras".

O seminário diplomático, que decorre hoje e quinta-feira em Lisboa, é uma iniciativa anual do Ministério dos Negócios Estrangeiros que reúne os embaixadores portugueses com membros do Governo e representantes da sociedade civil, academia e meio empresarial.

O comissário europeu Carlos Moedas foi o orador convidado pelo Governo português para abrir os trabalhos de hoje, e na quinta-feira, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, falará numa sessão especial.