De acordo com o ‘think tank’ norte-americano, a diferença entre o número de países que registaram melhorias nos parâmetros do índice — nomeadamente ao nível de direitos políticos e liberdades civis — e os que registaram um declínio foi a menor dos últimos 17 anos, dando sinais de esperança sobre o futuro próximo.

Ainda assim, os valores deste índice continuam em queda e os retrocessos mais graves para a liberdade e para a democracia são atribuídos a guerras, ataques a instituições democráticas e o avanço de regimes ditatoriais.

No balanço global deste estudo, 34 países apresentaram melhorias nos parâmetros analisados, contra 35 que regrediram — uma diferença bem menor do que aquela que foi registada nos últimos 10 anos.

Para os analistas da Freedom House, centro de investigação com sede em Washington, a contribuir para este clima de melhoria está o levantamento das restrições relacionadas com a pandemia de covid-19, que tinham sido um sério fator de condicionamento das liberdade cívicas.

Ao mesmo tempo, a Freedom House salienta a tenacidade dos regimes democráticos que subsistem em tentar diminuir a influência dos regimes totalitários, em particular no âmbito de organizações como as Nações Unidas.

A Europa continua a ser um dos continentes com o maior número de países com o estatuto de “totalmente livres”, onde se inclui Portugal, cuja avaliação se tem mantido estável nas últimas décadas.

Contudo, o índice de Liberdade no Mundo revela que em muitos parâmetros a situação permanece negativa, com pelo menos 157 países e territórios a apresentarem sinais de pressão sobre a liberdade de imprensa e mais de uma centena a demonstrarem não evoluir na liberdade de expressão individual ou no parâmetro de invasão de privacidade.

Os sinais de maior preocupação surgem essencialmente em três áreas de análise, sobretudo nos regimes de países “parcialmente livres” ou “sem liberdade”: a perseguição cultural; as expulsões e detenções em massa; e os condicionalismos à liberdade de organização e de expressão.

Situações como a “guerra de agressão” na Ucrânia ou golpes de Estado em vários países, particularmente no continente africano, mas também a vulnerabilidade dos sistemas eleitorais em países como os Estados Unidos, ou a volatilidade de governos em países como o Reino Unido, são a prova viva de que o mundo continua a ser um lugar perigoso.

“Nas últimas décadas, é cada vez mais difícil consolidar as instituições democráticas”, pode ler-se no documento hoje divulgado, embora se reconheça que “apesar de tudo, o mundo está hoje muito mais livre do que há 50 anos”.

Segundo este relatório, 84 de 195 países e territórios avaliados estão no patamar de países “totalmente livres”, comparativamente aos 44 de 148 países analisados em 1973.

De igual forma, os progressos detetados em 2022 parecem mostrar um momento de viragem, podendo ser retomada a rota de evolução para que o mundo se torne mais livre e democrático.

“Os protestos em curso contra a repressão no Irão, Cuba, China e outros países autoritários sugerem que o desejo das pessoas por liberdade é persistente, e que nenhum revés deve ser considerado como permanente”, conclui o relatório da Freedom House.