Às primeiras horas do dia 31 de outubro de 1997, um mar de lama e de terras engoliu dezenas de casas junto à canada da Igreja Velha, a zona mais afetada, num cenário de horror, agravado pela obstrução do único acesso rodoviário à freguesia, onde mora a segunda maior comunidade piscatória da ilha de São Miguel depois de Rabo de Peixe, no concelho da Ribeira Grande.

A situação agravou-se pelo facto de a única estrada que liga a freguesia ao resto da ilha ter ficado inacessível, mas também sem eletricidade, água e comunicações.

O trabalho de resgate de corpos, incluindo de famílias inteiras, foi dificultado pela chuva constante, numa comunidade de cerca de mil pessoas onde todos se conheciam.

Na ocasião, o pároco local, o padre Silvino Amaral, desempenhou um papel preponderante na motivação da população que temia acontecimentos idênticos.

“Eles estão fortemente marcados pela morte dos seus parentes e jamais esquecerão o que aconteceu”, sublinhou na altura o padre Silvino Amaral, que liderou o processo de apoio aos sinistrados e foi condecorado pelo presidente da República Jorge Sampaio.

Nas semanas seguintes à catástrofe, quando se tentava regressar à normalidade, o maior receio das autoridades locais era a possibilidade de muitas famílias abandonarem a freguesia da costa sul de São Miguel, mas a esmagadora maioria preferiu ficar.

“Salvou-se, mas a mulher e a filha…”

Há uma imagem que António Rita reteve da tragédia da Ribeira Quente, que há 20 anos matou 29 pessoas e mudou, para sempre, a freguesia do concelho da Povoação, na ilha de São Miguel, Açores. “Coube-lhe a 'ele' cinco caixões, da mulher e de quatro filhos. É uma imagem que me chocou bastante”, diz António Rita, de 74 anos. 'Ele' era um pescador que naquela noite ficou no porto de Ponta Delgada a “guardar” a traineira “Pérola dos Açores”, de que era mestre. António Rita, que foi depois presidente da junta, recorda quando, na madrugada de 31 de outubro de 1997, a tragédia lhe bateu à porta: o rés-do-chão de sua casa tinha sido atingido por água, lama e estava “tudo partido”.

Após conseguir sair de casa, teve outro embate, a notícia de que “estava tudo morto na canada da Igreja Velha”, mas só o amanhecer deixou claro que aquela era, mesmo, a realidade. “Foi terrível, mesmo”, repete António Rita, para que não subsistam dúvidas, para que não se esqueçam as vítimas desta tragédia, cujos nomes jazem, também, numa lápide na freguesia.

É lá que estão os nomes das duas filhas e da mulher de José Cardoso, hoje com 54 anos, que a Lusa encontrou na marginal da Ribeira Quente, avenida que ganhou depois daquele dia a designação de “31 de Outubro”.

créditos: EDUARDO COSTA/LUSA

“Tinha 34 anos, esposa e duas meninas. Uma ia fazer sete anos e a outra tinha 25 dias”, afirma.

José Cardoso, que era maquinista no porto de pescas, escapou, depois de ter estado parcialmente soterrado quatro horas.

E como conseguiu continuar a vida? “Trabalhei noite e dia, muito, para esquecer. Tinha que fazer assim, se estivesse em casa era pior”. E teve o apoio de familiares.

“Comecei uma vida de novo. Aquela acabou e comecei outra, tinha que ser. A vida continua, quando a gente morre não continua”, refere.

Foi nesse renascer que José Cardoso tornou a casar, casamento do qual tem um menino de 6 anos e uma adolescente de 15. Continua a viver na Ribeira Quente.

“Gosto desta terra”, justifica.

Daniel Cardoso Linhares, de 84 anos, morava na rua da Alegria e tinha uma mercearia na canada da Igreja Velha e outra na marginal.

créditos: EDUARDO COSTA/LUSA

“Vim para a loja às cinco da manhã. Estavam aqui duas mulheres e disseram ‘está tudo arrasado’”, conta Daniel Linhares, acrescentando que ao ver o que se tinha passado, com os “amigos todos enterrados”, a tristeza tomou conta de si.

Linhares recua no tempo para dizer que aquele “era o lugar mais sossegadinho” da freguesia, abrigado do vento e longe do mar e da ribeira, fontes de preocupação para a população que à data somava umas mil pessoas.

Foi no mar, ao largo de São Miguel, que Jorge Leite, pescador de 54 anos, recebeu a notícia: “Houve uma tragédia na Ribeira Quente”.

O barco segue caminho para terra, em Ponta Delgada, e com o coração nas mãos, Jorge Leite “corre” para a Ribeira Quente, com o pensamento de que moravam 13 pessoas na casa da família, número que poderia ser de azar.

créditos: EDUARDO COSTA/LUSA

Ao chegar, Jorge Leite viu a casa da família arrasada. “Pensei logo que não tinha família nenhuma viva”, lembra.

O pescador só se sentiu em porto seguro quando soube que a família estava a salvo, mas depois foi um misto de sentimentos. “Fiquei contente. Mas morrer tanta gente deixou-me triste”.

Da tragédia, o jovem Márcio Piné, também pescador, recorda o cheiro a lama e a ajuda que ele e muitos outros foram dar para tentar salvar os que lutavam pela vida, como um homem que tinha uma viga junto ao corpo.

“Salvou-se, mas a mulher e a filha…” e não completa a frase.

créditos: EDUARDO COSTA/LUSA

Ricardo Linhares, de 49 anos, manobrador de máquinas no porto, acordou com o barulho das derrocadas e, depois, dos gritos “a pedir ajuda, socorro”.

Da Ribeira Quente de 1997 à de hoje há uma “diferença grande”, diz-se pela freguesia que, agora, “está bem protegida”, mas continua a ter um único acesso rodoviário.

“Melhorou, mas as pessoas que se foram embora não podem estar a gozar isto”, lamenta Ricardo Linhares.

António Rita acrescenta: “Triste é daqueles que morreram. A freguesia ficou mais desenvolvida. Depois de qualquer tragédia, as coisas melhoram”.

Na sequência da catástrofe, vários investimentos realizados, nomeadamente a reabilitação do parque habitacional, a construção de uma avenida marginal de cerca de um quilómetro que desemboca no centro nevrálgico da localidade e o porto de pescas foram decisivos para o renascer da freguesia.

Após a tragédia, a Ribeira Quente conheceu a solidariedade, incluindo de emigrantes açorianos radicados nos Estados Unidos da América e Canadá. Na zona mais atingida pelas derrocadas, a poucos metros do cemitério, foi proibida a construção e feita uma área ajardinada com um campo de jogos descoberto. Ao cimo da rua uma lápide guarda o nome das 29 vítimas mortais.

O governante que “dormiu” com o povo da Ribeira Quente para transmitir segurança

O presidente do executivo dos Açores em 1997, Carlos César, ainda não completara um ano de governação quando ocorreu a tragédia da Ribeira Grande, a 31 de outubro, que o pôs à prova.

“Fui acordado pelo segurança do Palácio de Santana [sede da presidência do Governo Regional] que foi à minha casa. Telefonaram-me, eu não atendi de imediato e ele foi lá, ao meu quarto de cama, porque tinha as chaves da casa. Acordou-me e disse que tinha havido um acidente na Ribeira Quente”, disse em entrevista à agência Lusa Carlos César, que fizera 41 anos no dia anterior.

Logo depois começou a organização da resposta à catástrofe que deixou a freguesia do concelho da Povoação isolada, como se fosse uma ilha dentro da ilha de São Miguel, à qual só se chegava por via aérea. Foi assim que Carlos César chegou à Ribeira Quente, onde frequentemente passava férias e, por isso, conhecia muitas das pessoas vítimas da tragédia e respetivas famílias.

No sobrevoo de helicóptero antes da aterragem, o presidente do Governo Regional percebeu a dimensão: “toneladas e toneladas de lama que arrasaram algumas casas” e “cobriram por completo uma área vasta”.

créditos: ANTÓNIO COTRIM/LUSA

“Não só aconteceu essa derrocada, como simultaneamente tivemos uma cheia da ribeira com consequências no acesso à freguesia e também uma tempestade de mar, o que impedia o acesso por via marítima”, recordou.

A preocupação imediata foi o acompanhamento das operações, “acautelando que elas fossem feitas com cuidado, visto que estavam ali pessoas soterradas e era necessário ter o respeito que já se impunha nessa ocasião, visto que a improbabilidade de alguém estar com vida era total”.

Neste trabalho, Carlos César destacou que foram muito importantes os presidentes da junta, Carlos Moniz, e da câmara, Carlos Ávila, e o pároco, Silvino Amaral, reconhecendo que teve lágrimas, acompanhada de um “sozinho”.

“A minha função era assumir a coordenação, estando presente, sem atrapalhar no plano técnico aquilo que tinha de ser decidido, mas ter simultaneamente a frieza necessária para a decisão, a sensibilidade necessária para acompanhar as pessoas e procurei fazer isso com o profissionalismo que se exigia à natureza das minhas funções”, salientou.

Carlos César adiantou que nesse dia “havia um grande temor”, com as pessoas a querer “sair à força da Ribeira Quente porque, como prosseguia a tempestade”, achavam que o que aconteceu naquele talude iria replicar-se.

“Decidi dormir na Ribeira Quente, o que fiz durante toda a semana, isso também num sinal de transmissão de confiança”, lembrou. É de uma dessas ocasiões que guarda, com ternura, uma imagem: “Estava a dormitar numa cadeira acordei sobressaltado quando estavam a pôr uma manta por cima. Uma senhora a dizer ‘coitadinho, ele está tão frio’”.

E há o inverso: “Uma senhora que protestou aos gritos quando eu lhe fui entregar uma casa nova. Ela vivia numa casa com chão de terra e protestava por não ter o espaço suficiente na casa de banho para uma máquina de lavar roupa e eu fiquei muito zangado com ela e não pude deixar de dizer isso a ela com todo o arsenal verbal de que me lembrei”.

Volvidos 20 anos, “curadas as feridas”, Carlos César adiantou que “a sensação melhor de todas” é ter sido feita uma reabilitação e renovação de todo o espaço urbano, habitacional, de lazer e das atividades económicas, como o porto.

E a partir da tragédia? “Nunca dei um passo sem um telefone atrás. Inclusive, numa determinada fase dormi com um telefone satélite ao lado da minha cama. E fiz isso até sair do governo, em 2012”, contou.

Além dos 29 mortos, ficaram feridas sete pessoas e outras 69 desalojadas, de acordo com um relatório do Instituto de Proteção e Segurança do Cidadão do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia que estimou os prejuízos em cerca de 21 milhões de euros.

O documento, datado de 2003, adianta que a freguesia do concelho da Povoação esteve isolada mais de 12 horas, tendo naquela manhã sido medidos 153,1 milímetros de precipitação.

A localidade, que no verão atrai muitos visitantes devido à praia, considerada como uma das mais bonitas dos Açores, acabou por ver o turismo afetado, dado que o desastre atingiu parte da zona balnear, sublinha o mesmo relatório.

O documento, que elenca as implicações socioeconómicas deste desastre natural, destaca também a construção de um heliporto para evitar novo isolamento da freguesia em caso de novas derrocadas, atendendo à impossibilidade de construir outro acesso rodoviário à Ribeira Quente.

Valores de precipitação há 20 anos na Ribeira Quente ultrapassaram limites do aviso vermelho

Os valores de precipitação a 31 de outubro de 1997, na Ribeira Quente, Açores, onde derrocadas mataram 29 pessoas, ultrapassaram os limites do aviso vermelho, explicou um responsável do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

“Foram valores superiores a 200 mm em 24 horas que, hoje em dia, ultrapassariam largamente os limites normalmente fixos para o aviso vermelho de precipitação”, afirmou à agência Lusa Diamantino Henriques, delegado do IPMA nos Açores.

O responsável, que aquando da catástrofe da Ribeira Quente, estava em Lisboa, no então designado Instituto de Meteorologia, recorda-se de ter visto na televisão a “situação traumática vivida” na freguesia piscatória da Ribeira Quente.

Duas décadas após a tragédia, o delegado do IPMA nos Açores refere que "setembro e outubro de 1997 foram dois meses bastante chuvosos" e "os solos não conseguiram conter mais água".

"Tínhamos uma depressão a sul que estava a transportar ar húmido para São Miguel e que terá sido responsável pelo culminar da tragédia", explicou, sublinhando que à data "não havia propriamente um sistema de avisos como o atual".

Segundo Diamantino Henriques, estas tragédias alertam especialistas para determinadas situações que potenciam mais perigo em zonas de maior instabilidade. "Às vezes até exageramos nos avisos meteorológicos, porque sabemos que determinadas condições podem causar grandes estragos", referiu o delegado do IPMA.

O meteorologista considerou ainda que fazer "uma previsão para a escala insular já é um avanço muito grande", mas insistiu na necessidade de os Açores disporem de um radar meteorológico.

A necessidade de se instalarem radares meteorológicos nos Açores tem sido defendida também pelas autoridades regionais, tendo o próprio presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, enviado uma carta ao primeiro-ministro, António Costa, apelando para a urgência deste processo, depois de o Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América ter comunicado ao IPMA que iria desmantelar o radar instalado na Terceira, o único existente na região.

De acordo com a proposta de Orçamento do Estado para 2018 (OE2018), divulgada em outubro, está prevista a concretização da instalação da rede de radares meteorológicos dos Açores, uma medida que já estava contemplada no Orçamento deste ano.

"Durante uma altura tivemos acesso ao radar de Santa Bárbara [na ilha Terceira] já após a tragédia da Ribeira Quente, mas agora estamos outra vez sem radar. Neste aspeto não melhorámos nada, não temos meios para detetar à escala das ilhas a distribuição da precipitação", acrescentou Diamantino Henriques.

Ainda assim, e de acordo com o responsável do IPMA no arquipélago, atualmente já se consegue saber com mais precisão as condições meteorológicas e nesse aspeto houve avanços.

Pedro Mata, que era o responsável pela Meteorologia nos Açores no ano em que ocorreu a catástrofe na freguesia da Ribeira Quente, referiu à Lusa que "as situações de mau tempo ficam sempre marcadas nas carreiras dos meteorologistas" e, em particular, a madrugada de 31 de outubro de 1997.

"Sabíamos que ia chover muito incluindo na Povoação, Ribeira Quente e Nordeste, tal como já tinha sucedido há uns 15 a 20 dias antes. Mas, a nossa preocupação era se a ribeira, na freguesia, ia voltar a encher. Contudo, o que aconteceu foi o contrário, porque os terrenos tinham agua a mais, o que originou derrocadas", explicou.

Como as tragédias mudaram a Proteção Civil nos Açores

A tragédia da Ribeira Quente em 1997 e outras que lhe sucederam, como o sismo do Faial no ano seguinte ou a queda de um avião da transportadora SATA em 1999, obrigaram a repensar a Proteção Civil dos Açores.

“A Proteção Civil era praticamente inexistente do ponto de vista operacional, excetuando o labor próprio das associações de bombeiros que estavam indevidamente equipadas, indevidamente preparadas”, disse Carlos César em entrevista à agência Lusa a propósito da passagem dos 20 anos da tragédia da Ribeira Quente, que vitimou 29 pessoas.

No primeiro mandato, além desta tragédia, o Governo Regional teve de responder a cheias, nas Flores e em São Miguel, à “tempestade de mar” com “navios que foram projetados” para a avenida marginal de Ponta Delgada, ao sismo do Faial ou à queda de um avião da SATA em São Jorge.

“Este foi todo um tempo em que o grande problema, além dessa coincidência infeliz e quase contínua de incidentes, foi que houve simultaneamente a necessidade de olhar para o nosso sistema de Proteção Civil e perceber até onde ele servia e resolver também um problema que era um problema de consciência e de cultura de Proteção Civil que estava absolutamente ausente, desde a decisão política até à forma de desenvolvimento de algumas atividades económicas, até ao ambiente escolar”, adiantou.

Segundo o ex-governante, passou-se a “refletir a maior parte das decisões políticas e de organização dos sistemas públicos e da cooperação com os privados numa ótica de Proteção Civil no seu sentido mais lato e de resposta a situações de emergência”.

Carlos César descreveu que era um tempo em que os Açores “tinham grandes fragilidades no seu sistema rodoviário, tinham uma situação absolutamente gritante de indigência do ponto de vista habitacional”.

Acresce uma “situação de tensão conflitual e de competição detestável entre o governo regional e as Forças Armadas e as forças de segurança” que “obstaculizava uma intervenção séria e devidamente concatenada dessas forças em situações de emergência”, referiu.

“Foi preciso recomeçar de um ponto de vista do que é um sistema de Proteção Civil praticamente do zero”, afiançou, apontando a rede de comunicações, a forma de ocupação do território, as acessibilidades os equipamentos.

O antigo governante adiantou que durante os seus quatro mandatos à frente dos destinos do arquipélago foram investidos, por exemplo, “mais de 600 milhões de euros apenas na recuperação de infraestruturas atingidas por catástrofes”.

“Não houve durante os 16 anos em que estive no Governo um único ano em que não estivéssemos a investir na reabilitação de catástrofes. (…) Chegámos a ter 25% do orçamento de investimentos da Região Autónoma com muita frequência apenas centrado em catástrofes, o que nos roubou muitos recursos” para outros investimentos, notou.

Surgiu, também, uma nova rede de telecomunicações, alvo de várias renovações e atualizações, a última das quais já na governação do atual presidente do executivo regional, Vasco Cordeiro.

créditos: MIGUEL A. LOPES/LUSA

O Governo dos Açores acabou também por recusar o SIRESP - Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal.

De acordo com um documento do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores a que a Lusa teve acesso, após a instalação desta rede integrada de comunicações, foi possível constatar “vantagens” deste sistema face ao SIRESP.

Uma delas passa por “uma maior cobertura na rede, tendo mesmo ultrapassado os 95% de cobertura do território”, a que acresce “uma maior capacidade de assegurar o funcionamento dos repetidores com energia de emergência”.

“[…] Através das baterias e dos grupos geradores, permite um funcionamento autónomo e ininterruptamente por quase seis dias”, sendo que “o SIRESP está dimensionado para só trabalhar seis horas nesta situação”, refere o documento.

Por outro lado, a rede do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA) possibilita “a interligação operacional direta e em tempo real de todos os utilizadores” da Proteção Civil “com outras entidades, nomeadamente com os meios da Marinha e da Força Aérea quando em operação”.