"Mário Soares, uma figura pivot na transição de Portugal da ditadura para a democracia, que como primeiro-ministro liderou o empobrecido país para a União Europeia, morreu hoje, com 92 anos", escreve o Wall Street Journal, sublinhando que "o socialista era largamente admirado pela sua tenacidade e pelo seu exuberante otimismo".

Para além de passar em revista as principais iniciativas políticas, como a adesão à União Europeia ou a concessão da independência às antigas colónias portuguesas, o jornal norte-americano recupera ainda as críticas "às políticas de austeridade na zona euro, lideradas pela Alemanha".

Para o jornal francês Les Echos, Soares foi uma "figura incontornável da vida política portuguesa do século XX" e "um dos principais artífices da chegada da democracia em Portugal e da sua integração europeia".

O jornal francês lembra uma entrevista de 2015, na qual cita Soares a dizer que é "um homem pobre que teve a oportunidade de tomar posições e de ter tido razão" e a recusar-se a ter um caráter "imortal".

O Les Echos descreve-o como "um 'bon vivant', grande sedutor, humanista e amante de livros, que construiu o seu carisma baseado na capacidade de estar perto das pessoas e descreveu-se como uma pessoa 'emocional, espontâneo e quente'".

A BBC, por seu turno, numa curta notícia, destaca "o papel central depois da Revolução dos Cravos, em 1974" e o facto de ser "um feroz crítico da junta que governou Portugal nos dois anos seguintes".

Os principais órgãos de comunicação social espanhola noticiaram hoje a morte de Mário Soares minutos depois de se saber a notícia, sublinhando a sua luta contra a ditadura de Salazar e o seu papel na construção da democracia portuguesa.

O El País noticiou na primeira página do seu ‘site’ que “Morreu Mário Soares, ex-presidente de Portugal” que “Lutou contra a ditadura de Salazar e depois contra a deriva comunista da revolução dos cravos”.

O diário desenvolveu a notícia, assegurando que “é impossível compreender o último meio século de Portugal sem Mário Soares” e que “92 anos dão para fazer muita coisa, mas ainda mais para um homem inquieto desde jovem, escritor infatigável, de caráter forte para aguentar as prisões da ditadura e também para desacelerar a deriva comunista da revolução dos cravos”.

O El Mundo sublinhou que Mário Soares fundou o Partido Socialista (PS) e lutou contra a ditadura de Salazar e que, sendo um europeísta e republicano, foi um dos maiores críticos da economia nacional e europeia.

Em seguida, assim como o El País, o jornal relata a vida de Soares, que a partir da “Revolução dos Cravos” em 25 de Abril de 1974 teve “uma vida política sempre paralela com a história da democracia Lusa”.

O ABC escreveu que “Morreu o ex-presidente Mário Soares, figura chave na transição de Portugal”, considerando-o “uma das figuras políticas portuguesas mais importantes dos últimos 40 anos” pela sua participação “decisiva na Revolução dos Cravos que pôs fim à ditadura”.

Mário Soares “manteve-se ativo nos últimos anos apesar da sua idade avançada e continuou a trabalhar na Fundação com o seu nome, para além de publicar livros e artigos sobre a situação de Portugal”, escreve o jornalista.

O canal de informação da televisão pública espanhola, 24 Horas, também começou muito cedo a passar a notícia da morte de Mário Soares, “um dos políticos portugueses mais importantes dos últimos 40 anos, com uma intervenção decisiva na transição para a democracia depois da Revolução dos Cravos”.

As agências internacionais apelidam Soares como o "pai fundador da democracia", "monumento da vida política portuguesa" e "o político mais popular da democracia portuguesa".

Cerca das 16:00, minutos depois de a Lusa ter avançado com a notícia, a agência espanhola EFE e logo de seguida a francesa AFP, noticiaram o falecimento de Mário Soares.

Nos textos e perfis que se seguiram, a AFP considera Soares "o pai fundador da democracia portuguesa" e "uma figura de destaque da cena política do país, que dirigiu a sua entrada na União Europeia".

"Figura incontornável da vida política portuguesa do século XX, Mário Soares (...) foi um dos principais artesãos do advento da democracia em Portugal e depois da sua integração europeia", escreve a agência Francesa.

Para a EFE, Soares era "o político mais popular da democracia portuguesa".

"Após toda uma vida dedicada ao socialismo a à luta pela democracia, Mário Soares (...) deixa atrás de si um legado que o converte numa das personalidades políticas mais populares de Portugal", pode ler-se na EFE.

No seu portal na Internet, a agência espanhola destacou a notícia com uma fotografia, de julho de 2016, do líder histórico do PS, ladeado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo primeiro-ministro, António Costa.

A norte-americana Associated Press escreve que Soares "ajudou a conduzir o seu país em direção à democracia" e tornou-se "um estadista global através do seu trabalho com o movimento Internacional Socialista".

Num longo artigo em que recorda a vida política do ex-Presidente português, a AP descreve Soares como "um socialista moderado" e "uma figura afável e um argumentador eloquente" e escreve que Soares ajudou a "reabilitar Portugal no palco internacional após décadas de isolamento sob a ditadura de António Salazar".

"A insistência de Soares em usar a urna de votos em vez das armas para pôr fim à ditadura granjeou-lhe o respeito em todo o mundo", pode ler-se no texto da AP.

Na agência Bloomberg, Soares é recordado como o primeiro-ministro que "ajudou a forjar a democracia portuguesa" e "o primeiro eleito em liberdade após uma revolução que pôs fim a cinco décadas de ditadura".

"Cofundador do moderado Partido Socialista, é também atribuída a Soares a ajuda a combater a tentativa do Partido Comunista de ganhar mais poder após uma revolução quase sem sangue", adianta a agência especializada em assuntos económicos e financeiros.

Além das notícias, as agências internacionais divulgaram também perfis do ex-Presidente português, assim como cronologias e fototecas.

O antigo Presidente da República Mário Soares morreu hoje aos 92 anos.

Mário Soares encontrava-se internado desde o dia 13 de dezembro, tendo sido transferido no dia 22 dos Cuidados Intensivos para a "unidade de internamento em regime reservado" do Hospital da Cruz Vermelha, depois de sinais de melhoria do estado de saúde.

Mário Soares desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.