"Como investigadora na área da Imunologia e como mãe acho uma patetice completa", acrescentou a especialista, que é também membro da direção da Sociedade Portuguesa de Imunologia (SPI), entidade responsável pela organização desta iniciativa nacional, que engloba seis centros de investigação.

Nuno Alves, também investigador do i3S e membro da direção da SPI, afirmou, durante o mesmo evento, que "a vacinação salva vidas" e que "não se pode esquecer que na era da pré-vacinação as doenças mais mortíferas eram as infeciosas".

"A grande batalha quanto a essas doenças foi ganha devido à vacinação e aos antibióticos, quando a infeção é bacteriana", afirmou.

Com esta iniciativa, que no Porto decorreu no i3S, os responsáveis pretenderam dar a conhecer aos alunos do ensino secundário o dia-a-dia dos laboratórios onde as investigações decorrem, tendo estes assistido a palestras e participado de atividades.

Nos seminários, os investigadores abordaram temas como a resposta imunitária e a prevenção, a formação de células imunes na medula óssea, o desenvolvimento de vacinas, a Tuberculose e as respostas imunológicas às infeções fúngicas.

Na primeira das quatro atividades, os alunos estiveram em contacto com uma técnica denominada citometria de fluxo, muito utilizada na imunologia, quer em investigação quer nos diagnósticos de doenças do sistema imunitário.

Esta técnica possibilita também purificar células em terapias tumorais, modificando-as e voltando a injetá-las nos pacientes, referiu Nuno Alves.

Num segundo momento, os participantes puderam visualizar, com recurso a lupas e microscópios, pulmões e fígados de ratos, normais ou infetados por bactérias.

Já nos laboratórios de biossegurança, a terceira etapa das atividades, tiveram acesso a um conjunto de equipamentos de proteção pessoal, como batas, máscaras, toucas e luvas, utilizadas pelos investigadores em contexto laboratorial.

Por último, os alunos visitaram o Serviço de Histologia e Microscópia Eletrónica, onde são preparadas os pulmões e os fígados que viram na segunda etapa.

De acordo com Nuno Alves, uma das missões do SPI passa por educar a população em geral, tendo, para isso, projetos em infantários, escolas e universidades, com o intuito de promover a literacia científica, "algo que está muito em falta, como se tem visto nos últimos dias com a história das vacinas".

Para além disso, a SPI apoia iniciativas científicas, discutidas na reunião anual da direção, onde participam especialistas portugueses e estrangeiros da área da Imunologia, auxiliando, ainda, jovens investigadores, através de 'workshops' e financiamento.

"A ciência é a melhor vacina para a ignorância" e só através da disseminação de conhecimento se pode promover uma "melhor convergência" por parte de "toda a população", evitando assim "estados de alerta e de pânico como os que se têm visto", reforçou Nuno Alves.

O Instituto de Medicina Molecular (iMM), de Lisboa, o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em Oeiras, o Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra, a Universidade de Aveiro e o Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho são as outras cinco entidades envolvidas nas comemorações do Dia Internacional da Imunologia.