Em Serpins, a freguesia deste município do distrito de Coimbra mais afetada pelos últimos incêndios, Catarina Martins disse que o BE quer ajudar “a criar todas as condições” políticas e financeiras para que “a Lousã volte a ter comboio” até 2019.

“Queremos também corrigir o erro que é retirar o investimento público do interior” de Portugal, afirmou aos jornalistas a dirigente bloquista, no final de uma visita a duas empresas, na zona industrial de Vale da Ursa, em Serpins, que foram destruídas pelos fogos de 15 e 16 de outubro.

Catarina Martins, que estava acompanhada pelos deputados José Manuel Pureza (vice-presidente da Assembleia da República) e Heitor Sousa, eleitos por Coimbra e Leiria, respetivamente, salientou que “o abandono do território sai muito caro ao país”, o que, na sua opinião, foi evidenciado pela devastação dos incêndios deste ano.

A porta-voz do Bloco de Esquerda visitou a empresa de carpintaria e mobiliário Movicarvalho, que emprega 17 pessoas, e a Serpins Adelinos, unidade com 11 trabalhadores, ligada ao setor florestal, que transforma e comercializa lenhas diversas.

Os prejuízos das duas firmas, segundo estimativas comunicadas pelos proprietários a Catarina Martins, rondam 200 mil euros e dois milhões de euros, respetivamente.

A líder do BE defendeu que os apoios do Estado à reconstrução das empresas afetadas pelos incêndios “têm de chegar o mais depressa possível”, para que estas não percam clientes e garantam “a sua viabilidade económica”, permitindo aos trabalhadores que retomem a laboração e mantenham os salários.

A perda de postos de trabalho, em resultado de eventuais atrasos das ajudas financeiras anunciadas pelo Governo, seria “mais uma machadada” com agravamento da desertificação do interior, alertou.

Importa, segundo Catarina Martins, que cheguem rapidamente os apoios “a quem fez um esforço tão grande”, ao longo da vida, e que nalguns casos tudo perdeu “de um momento para o outro”.

“É preciso retirar as consequências do que aconteceu e do abandono do território”, enfatizou, em Serpins, onde termina a linha ferroviária que ligava os concelhos de Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra, encerrada há oito anos para obras que visavam a instalação de um sistema de metro e que foram suspensas por razões financeiras pelo último Governo de José Sócrates.

A freguesia de Serpins “é símbolo de um erro que deve ser corrigido”, o que levará o BE a fazer propostas com esse objetivo, para 2018, em sede de discussão do OE na especialidade.

Na sua opinião, além de acorrer às necessidades imediatas das populações e empresas que foram vítimas dos incêndios, é preciso “ter um investimento público em todo o território que contrarie o abandono”.