"Quando caiu a noite, as nossas duas situações mais persistentes, que foram Carregal e Nariz, estavam tratadas. No entanto, decidimos ficar com alguns meios no terreno, para temos capacidade de intervir", disse à Lusa o autarca.

Ribau Esteves referiu ainda que após uma reunião com o comandante dos Bombeiros Velhos-Aveiro foi decidido manter o Plano de Emergência Municipal ativo.

"Há sempre esta dúvida de como vai correr a noite e se chove ou não. Temos consciência que precisamos de uma grande operação de rescaldo, porque temos fumarolas por todo o lado", disse Ribau Esteves, adiantando que na terça-feira de manhã será feita uma nova avaliação.

O presidente da Câmara de Aveiro informou ainda que os serviços municipais já começaram a fazer um levantamento dos prejuízos resultantes dos incêndios, destacando a "perda total" do centro logístico da Moviflor, na Zona Industrial de Mamodeiro.

Além desta situação, Ribau Esteves afirmou que houve "pequenas perdas" em algumas empresas, nomeadamente ligadas ao setor agropecuário, com máquinas agrícolas e animais, realçando que a área ardida de espaços florestais e culturas é "brutal".

"Numa desgraça deste tamanho, fica a nota positiva de não termos perdas de vidas humanas", afirmou, em jeito de desabafo, adiantando que uma idosa teve de ser realojada em casa de familiares, na sequência de um incêndio que destruiu parcialmente a sua habitação.

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 36 mortos, sete desaparecidos, 62 feridos, dos quais 15 graves, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo assinou um despacho de calamidade pública, abrangendo todos os distritos a norte do Tejo, para assegurar a mobilização de mais meios, principalmente a disponibilidade dos bombeiros no combate aos incêndios.

Portugal acionou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e o protocolo com Marrocos, relativos à utilização de meios aéreos.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, no verão, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.