"Estamos muito preocupados com o facto de, até agora, ainda não termos tido uma clarificação sobre apoios para pessoas que, embora não fossem agricultores inscritos no Ministério da Agricultura, viviam do que semeavam nas suas hortas, complementando assim baixas pensões ou até subsídios de desemprego", referiu.

Em declarações à agência Lusa, o autarca de Santa Comba Dão destacou que são estas pessoas que ocupam estes territórios do Interior, que cada vez mais se batem com o problema da desertificação, sendo por isso primordial que "sejam tidas em conta no pós tragédia dos incêndios".

"Chegam à Câmara a chorar e a tentar perceber o que vai ser deles, o que vai ser das suas vidas no futuro. Falo de pessoas com reformas miseráveis e que perderam tudo, alguns ainda ficaram com a casa, mas perderam tudo o resto", lamentou.

De acordo com Leonel Gouveia, esta é uma preocupação transversal aos concelhos vizinhos, atingidos pelos incêndios.

"Sem nenhuma medida de apoio clarificada, estas pessoas são naturalmente a minha grande preocupação. A minha e a de outros autarcas de concelhos vizinhos", acrescentou.

O incêndio de dia 15 provocou cinco vítimas mortais no concelho de Santa Comba Dão e consumiu cerca de 80% da mancha florestal (4.300 hectares).

"Temos 92 ou 93 primeiras habitações ardidas e 36 ou 37 empresas atingidas. Falamos de cerca de 150 postos de trabalho em causa, sendo necessário um investimento de seis milhões de euros só para recuperar as empresas", informou.

O autarca alertou ainda para a proximidade do inverno e para a necessidade da recuperação do concelho ter de ser célere.

"Temos de agir rápido em relação a todo o tipo de trabalho de recuperação, seja das casas, das empresas, como da parte florestal", concluiu.