“Mais importante do que o primeiro-ministro anunciou é, agora, a concretização dessas medidas, nós não sabemos como é que vai ser a implementação e a regulamentação das medidas e, isso, é que importante”, afirmou a professora e investigadora da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real.

Para a especialista, o “grande” reforço da investigação sobre incêndios florestais e sobre floresta, assim como a “grande” verba alocada a remediar os danos causados pelos incêndios são “ótimas e perfeitamente aceitáveis”.

Estas medidas devem servir para mudar “efetivamente” a floresta portuguesa porque se é para “fazer mais do mesmo” não valem de nada, reforçou.

Também “muito importante” é a criação de um laboratório colaborativo ligado às questões da floresta porque vai permitir que a floresta seja olhada como um todo e não só pela questão dos fogos e do associativismo, entendeu.

“Vai haver um olhar para a floresta multidisciplinar e, de facto, é dessa forma que vejo a floresta e que acho que a floresta tem de começar a ser olhada”, ressalvou.

E acrescentou: “não podemos dizer que queremos levar pessoas para a floresta se a floresta não se tornar rentável, temos de trazer economia para a floresta”.

Apesar de ainda não saber como vai ser esse laboratório, Emília Calvão Silva considerou que deverá tocar várias vertentes, desde o fogo, planeamento, ordenamento à sociologia e antropologia.

A reforma da Proteção Civil, que pretende aproximar a prevenção do combate aos incêndios e reforçar o profissionalismo, deverá passar pela entrada do Estado na rede SIRESP e por vários apoios dirigidos às populações e às zonas mais afetadas.

Estas medidas foram anunciadas no sábado pelo Governo, que se sentou à mesa para discutir, durante 11 horas, a reforma nos sistemas de prevenção e combate aos incêndios e adotar medidas de emergência de apoio às vítimas, depois dos incêndios de Pedrógão Grande (junho) e de várias zonas das regiões Centro e Norte (15 e 16 de outubro).

Os fogos provocaram a morte a mais de 100 pessoas e deixaram um rasto de destruição de casas, empresas e património florestal.

A reunião extraordinária do Conselho de Ministros realizou-se no sábado na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, mas tinha sido anunciada por António Costa a 12 de outubro, depois de a comissão técnica independente nomeada pela Assembleia da República ter concluído o seu relatório sobre os incêndios de Pedrógão Grande (distrito de Leiria) e Góis (distrito de Coimbra) em junho passado, que deixou 64 mortos.

Além deste balanço oficial, foi registada a morte de uma mulher que foi atropelada ao fugir das chamas.