“A cabeça de fogo está, neste momento, no concelho de Águeda e no concelho de Sever do Vouga”, no distrito de Aveiro, explicou Miguel David à agência Lusa, por volta das 11:15.

No concelho de Oliveira de Frades, distrito de Viseu, “a situação ainda está com bastante atividade, pese embora a parte mais ativa do incêndio esteja do outro lado”.

Segundo o responsável, “o vento tem sido o pior inimigo na estratégia de combate, obrigando a permanentes redefinições”.

A prioridade dos bombeiros está a ser “a defesa perimétrica de algumas aldeias” dos concelhos de Sever do Vouga e de Águeda, e “o confinamento de pessoas nessas aldeias, considerando que estão na linha de propagação do incêndio”.

Miguel David explicou que “o terreno é bastante complexo, com uma orografia bastante acentuada, com muito afloramento rochoso”, que muitas vezes impede as operações de combate.

Tal obriga “a permanente reposicionamento e redefinição da estratégia”, explicou, acrescentando que as cinco máquinas de rasto que estão no terreno têm sido “um aliado importante”.

No combate às chamas estavam, às 12:00, 766 operacionais, apoiados por 234 veículos terrestres e 15 meios aéreos, de acordo com a página da Proteção Civil.

O incêndio deflagrou na segunda-feira, às 11:24, na localidade de Antelas, freguesia de Arcozelo das Maias, concelho de Oliveira de Frades, no distrito de Viseu.

Um bombeiro de 41 anos morreu na segunda-feira enquanto combatia este incêndio no concelho de Oliveira de Frades.

O comandante nacional da Proteção Civil, Duarte da Costa, já apelou à "tolerância zero no uso do fogo".

Por causa da previsão de tempo quente, há hoje mais de 100 concelhos de 13 distritos de Portugal continental em risco máximo de incêndio.

O país encontra-se em alerta laranja até às 23:59 de hoje.

O presidente da Câmara de Oliveira de Frades, Paulo Ferreira, considerou hoje “uma perda irreparável” a morte do bombeiro Pedro Ferreira, ocorrida na segunda-feira durante um incêndio, e lembrou que ele esteve ligado à corporação local desde pequenino.

“Arrisco-me a dizer que ele estava lá (nos bombeiros) desde bebé. Acompanhou desde início o seu avô, o senhor Manuel Ferreira, também muito conhecido por todos os oliveirenses”, afirmou o autarca.

A Câmara de Oliveira de Frades decretou, na segunda-feira, três dias de luto municipal pela morte de Pedro Daniel Ferreira, de 38 anos, subchefe da Equipa de Intervenção Permanente e bombeiro de primeira na Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Oliveira de Frades.

Paulo Ferreira lembrou os momentos que partilhou com Pedro Ferreira, de quem era amigo, e disse que “a comunidade ficou mais pobre”, numa altura em que há tanta falta de operacionais nas associações humanitárias.

“Nada do que possamos dizer, nenhuma homenagem que possamos prestar, vai trazer o Pedro de volta”, lamentou, garantindo que a autarquia dará todo o apoio necessário à sua família (mulher e o filho menor).

O autarca admitiu que o facto de o bombeiro ter morrido em serviço “aumenta de sobremaneira a carga emocional” do momento.

“Vai ser aberto um inquérito. A parte técnica, vamos deixar para os técnicos”, afirmou, lembrando a “pujança com que o incêndio deflagrou” na segunda-feira neste concelho do distrito de Viseu.

Paulo Ferreira não consegue ainda apontar a área já consumida pelas chamas no seu concelho, dizendo apenas que afetaram sobretudo as freguesias de Arcozelo das Maias e Ribeiradio.

O ministro da Administração Interna determinou, na segunda-feira, a abertura de um inquérito a este incêndio, que já alastrou aos concelhos de Sever do Vouga e de Águeda, no distrito de Aveiro.

Na segunda-feira à noite, o comandante nacional da Proteção Civil, Duarte da Costa, disse que Pedro Ferreira morreu “sem apresentar qualquer queimadura no corpo”, tendo agido “dentro daquilo que eram as suas normas e experiência, correndo para uma zona já queimada à espera de salvaguardar a sua integridade física, mas o fumo estava muito baixo e não permitiu isso”.

(Artigo atualizado às 14:54)