Segundo Patricia Gaspar, da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC), “este ano, a secura dos combustíveis [vegetação] tem sido determinante. A isto junta-se o vento e o desordenamento”, que tem dificultado ainda mais o combate às chamas nos últimos incêndios.

“Há pessoas a viver dentro das florestas, com silvas à porta”, exemplifica a adjunta de operações da ANPC, para quem “a extrema energia que alguns fogos libertam logo no início impedem o ataque no terreno.

“Por vezes só é possível ir com meios aéreos”, reconhece.

Contactado pela Lusa, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IMPA) diz que, em comparação com os dois anos (2003 e 2005) em que mais área ardeu, “a secura era maior” em 2005, mas este ano a vegetação “secou muito rapidamente com as altas temperaturas de julho”.

Fonte do departamento de climatologia do IPMA explicou que, naquele ano, como houve pouca precipitação no inverno (em novembro e dezembro de 2004 choveu pouco), quando a chuva caiu na primavera ajudou a crescer a vegetação.

O IPMA recorda que a imprevisibilidade das direções e da força das rajadas de vento complica o trabalho aos bombeiros e sublinha que, a este nível (vento), é difícil fazer comparações.

“Podemos fazer comparações com as temperaturas e eventualmente com a precipitação, mas a variabilidade do vento não é comparável”, afirmou outra fonte do Instituto.

Os incêndios florestais já consumiram este ano 75.264 hectares, a maior área ardida no mesmo período da última década.

Segundo a ANPC, entre 1 de janeiro e 24 de julho, deflagraram 7.795 incêndios florestais, que consumiram um total de 75.264 hectares. A média do número de ocorrências de fogo e de área ardida nestes primeiros sete meses é superior ao mesmo período do decénio de 2007 a 2016.

Os incêndios dos primeiros sete meses de 2017 já consumiram mais floresta do que a totalidade de cada um dos cinco anos da última década.

Segundo dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, o pior ano em total de área ardida nos últimos dez anos aconteceu em 2016, quando o fogo consumiu mais de 160 mil hectares.

Antes disso, os piores anos em área ardida registaram-se em 2003 (425.839 hectares) e 2005 (339.089). Estes dois anos tiveram igualmente ondas de calor. Em agosto de 2003, por exemplo, foi registada a mais alta temperatura máxima em Portugal desde que há registo: 47,4 graus, na Amareleja (Alentejo).