"Grande parte das medidas nem sequer precisam de legislação, precisam é de meios financeiros. Algumas, meios muito avultados, que terão de ter incidência no Orçamento do Estado, já este ano e em 2018. Importa saber se o Governo está disponível para acudir à floresta portuguesa como se fosse um banco a precisar de resgate", questionou Jerónimo de Sousa.

O líder comunista congratulou-se com a aprovação, em conferência de líderes parlamentares, da sua proposta de elaboração de uma lei que defina medidas urgentes de apoio às vítimas, reforço da prevenção e combate aos fogos, na sequência dos grandes incêndios florestais em Pedrógão Grande e noutras zonas da região Centro do país, que provocaram 64 mortes e mais de 200 feridos.

"Que o Governo está disponível, demonstrou-o quando no dia 27 outubro, quando abriu o debate publico sobre a Reforma da Floresta, com dezenas de sessões em todo o país. No dia 21 março, fez um Conselho de Ministros extraordinário para aprovar esse pacote", recordou o chefe do executivo, enumerando em seguida diversas iniciativas em curso relacionadas com a matéria.

António Costa retribuiu então o desafio, incitando o PCP a "ir a jogo".

"Convido o PCP - não, não vou convidar o PCP -, aguardo que o PCP apresente as suas propostas na especialidade para as podermos considerar. Se queremos reduzir a divergência, é fazer o debate na especialidade. O Governo analisará as propostas do PCP com todo o espírito construtivo com que temos trabalhado ao longo deste ano e meio. Se chegarmos e estivermos de acordo, excelente, se não, lá continuaremos a andar para a frente porque também muitas vezes não temos chegado a acordo", disse o primeiro-ministro.

Antes, Jerónimo de Sousa defendeu que "não foi o Estado que falhou, como alguns afirmam", mas sim "a política de sucessivos governos, que conduziu a este resultado", elegendo esse como "o caminho com que é preciso romper" e citando o exemplo do Governo anterior, que "desviou quase 200 milhões de euros das florestas na reprogramação do PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural)".

"Sim, senhor deputado Passos Coelho, à política o que é da política. Estas opções resultam de uma política de direita de sucessivos governos do PS, PSD e CDS, que entregou o SIRESP (Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal) a agiotas, que só pensam na multiplicação do capital, que extinguiu os guardas florestais, fechou os olhos à proliferação de manchas infindáveis de eucaliptos e pinheiros", entre outras coisas", criticou, dirigindo-se ao líder da oposição e ex-primeiro-ministro.