“Para mim seria mais fácil, pessoalmente, ir-me embora e ter as férias que não tive, mas agora não é altura de demissões”, afirmou a ministra aos jornalistas, depois de questionada várias vezes sobre as suas condições para permanecer no cargo.

"Neste momento estamos a viver uma tragédia, acho que não é o momento para a demissão, é momento para a ação para mudar aquilo que tem que ser mudado", declarou aos jornalistas a seguir a uma reunião com a Autoridade Nacional de Proteção Civil, em Carnaxide, Oeiras.

Há "problemas estruturais pela frente que é necessário resolver", destacou, afirmando que esta foi "uma situação absolutamente extraordinária".

"Tivemos muitas ocorrências, imensas ignições que não surgem do nada", afirmou, considerando que não foram necessariamente provocadas por mão criminosa mas por "mão negligente".

Constança Urbano de Sousa indicou que há "pessoas que fazem queimadas quando é absolutamente proibido fazê-las, depois fogem do controlo, o país está em seca extrema" e houve "ventos fortíssimos, muito por influência do furacão Ofélia", que passou junto aos Açores.

Às famílias das vítimas mortais, que já ascendem a 31, enviou "uma palavra de pesar e de condolência" e estendeu solidariedade "aos operacionais que têm estado e continuam a estar no terreno".

Questionada sobre o que está a falhar para se repetirem incêndios desta dimensão e gravidade, afirmou que é algo que já "falha há muito tempo, a prevenção estrutural".

É preciso "tirar lições no que diz respeito à preparação do sistema de Proteção Civil", defendeu, indicando que a profissionalização dos bombeiros é "uma das conclusões muito fortes" a tirar.

Outra aposta, defendeu, é a "Proteção Civil preventiva" para que as "comunidades se tornem mais resilientes às catástrofes", dotando as freguesias de unidades de proteção civil.

Pelo menos 31 pessoas morreram nos mais de 500 incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia do ano em fogos, revelou hoje a Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC).

Segundo a adjunta de operações da ANPC, Patrícia Gaspar, que falava no ‘briefing’ da manhã de hoje, as vítimas mortais foram registadas nos distritos da Guarda, Coimbra, Viseu e Castelo Branco.

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo assinou um despacho de calamidade pública, abrangendo todos os distritos a norte do Tejo, para assegurar a mobilização de mais meios, principalmente a disponibilidade dos bombeiros no combate aos incêndios.

Portugal acionou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e o protocolo com Marrocos, relativos à utilização de meios aéreos.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, no verão, um fogo que alastrou a outros municípios e que provocou 64 mortos e mais de 200 feridos.