Sónia Cunha, responsável pelo Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise do INEM, disse à agência Lusa que, desde domingo, estão no terreno cinco unidades móveis, que contaram com o apoio de elementos da Cruz Vermelha Portuguesa.

Desde o início dos fogos na zona Centro - que provocaram 37 mortos, dezenas de feridos e destruíram centenas de habitações e empresas – estas equipas têm-se deslocado até junto das vítimas, nomeadamente as que viram os seus bens destruídos pelas chamas, bem como familiares de mortos e ainda bombeiros.

Os familiares das vítimas mortais receberam as primeiras atenções dos psicólogos, que as apoiaram à medida que iam identificando os mortos.

No caso dos bombeiros, Sónia Cunha explicou que foram vários os que manifestaram sinais de crise psicológica, provocada pelo “sentimento de impotência” face à dimensão dos incêndios.

Tal como aconteceu nos incêndios de há quatro meses, em Pedrógão Grande, “a vulnerabilidade” das populações atingidas foi o sentimento mais identificado pelas equipas de psicólogos que encontraram nestas pessoas a dor de “não conseguirem controlar o que está à sua volta”.

A psicóloga considera que a proximidade da catástrofe em Pedrógão Grande poderá ter agravado este sentimento de vulnerabilidade, uma vez que “ainda não passou o tempo suficiente para as pessoas se organizarem”.

Ao contrário dos fogos em Pedrógão Grande, a dispersão da área atingida por estes incêndios que começaram no domingo representa um desafio maior para as equipas de apoio psicológico que, por esta razão, e apesar dos fogos já estarem controlados, vão permanecer mais tempo no local.