Os investigadores confirmaram os nomes de 212 combatentes da Alemanha, Áustria e Holanda, segundo um comunicado do governo.

Cerca de 102 são de origem alemã, 70 austríaca e 40 holandesa. O governo não deu qualquer informação sobre o número de pessoas de outras nacionalidades que foram identificadas.

Os combatentes identificados lutaram no seio das Brigadas Internacionais, unidades militares criadas pela Internacional Comunista para combater as forças fascistas do general Francisco Franco.

Cerca de 40 mil homens e mulheres estrangeiros alistaram-se como voluntários, lutando ao lado das forças da Segunda República Espanhola democrática e contra a ascensão do fascismo na Europa no final da década de 1930, indicam os investigadores.

As conclusões baseiam-se num ano de investigação em registos conservados em arquivos documentais em Espanha e na Rússia. Os investigadores passaram a pente fino as listas diárias de baixas e de soldados desaparecidos compiladas pelos oficiais das Brigadas Internacionais.

Os nomes dos soldados estrangeiros eram frequentemente omitidos das listas, o que dificultava o processo de investigação. Estas listas estão guardadas no Arquivo Estatal Russo de História Sócio-Política, em Moscovo.

Os investigadores também mergulharam nos principais arquivos sobre a Guerra Civil Espanhola, localizados em Espanha. Através do cruzamento de documentos, os investigadores conseguiram ainda identificar a zona provável onde os soldados morreram ou ficaram gravemente feridos.

É um passo importante para a localização dos seus restos mortais nas valas comuns espalhadas pelo país, consideram os estudiosos.

“Esta pesquisa fornece informações muito valiosas que nos dão a oportunidade de contactar as famílias dos combatentes desaparecidos e, no futuro, intervir nas valas comuns que foram localizadas”, realçou Alfons Aragoneses, chefe do projeto.

Todas as pessoas identificadas integravam a Brigada Thälmann, uma unidade comunista composta maioritariamente por alemães anti-nazis. O batalhão esteve ativo na frente do rio Ebro, no nordeste de Espanha, entre março e setembro de 1938, onde ocorreu a batalha mais longa e mais mortífera da guerra.

A investigação está em curso e é financiada pelo governo regional da Catalunha, com o objetivo de contribuir para a memória histórica do país.

A segunda fase do projeto tentará identificar os combatentes desaparecidos da Grã-Bretanha, Irlanda, Canadá e Estados Unidos. A última etapa consistirá em abrir as sepulturas em busca de corpos.

Os historiadores estimam que cerca de 10 mil voluntários estrangeiros morreram em combate em solo espanhol durante a guerra. Não se sabe quantos estão ainda por identificar, enterrados em sepulturas.

A Guerra Civil Espanhola serviu de campo de ensaio para a Alemanha de Adolf Hitler e a Itália de Benito Mussolini antes da Segunda Guerra Mundial. Este facto desencadeou um clamor internacional para tentar salvar o governo democrático da República espanhola, que acabou por sucumbir às forças do general Franco em 1939.