O responsável sublinhou, contudo, que falta combustível para que os bens de primeira necessidade cheguem aos habitantes daquele enclave palestiniano e financiamento internacional para essa operação.

“Temos os camiões, precisamos de combustível e financiamento. Quero que fique registado quais são as nossas prioridades”, declarou Griffiths, desmentindo que a ONU não tem um plano sobre como ajudar a população da Faixa de Gaza.

O dirigente humanitário precisou que, dos 1.200 milhões de dólares (1.106 milhões de euros) que as Nações Unidas pediram para a crise em Gaza, apenas foram recebidos cerca de 30 milhões de dólares (27,6 milhões de euros).

Hoje, entraram na Faixa de Gaza 460 camiões e entre 23.000 e 24.000 litros de combustível, o que equivale a meio camião-cisterna, um número que contrasta com os 200.000 litros que a ONU considera necessários para que a ajuda humanitária consiga chegar àqueles que dela mais precisam.

“O combustível é indispensável para tantas coisas — não só para o transporte, mas também para a dessalinização da água, o funcionamento dos hospitais e o fornecimento de eletricidade”, explicou.

Griffiths sustentou que o plano que as agências humanitárias da ONU têm para Gaza é “o padrão”, com os mesmos procedimentos aplicáveis a qualquer situação de guerra, como as da Ucrânia ou do Sudão.

Além disso, o responsável humanitário defendeu o direito dos palestinianos da Faixa de Gaza de irem onde querem e quando querem, sem entraves ou impedimentos, mas sim com liberdade de movimentos, ao passo que a ONU deve ter garantias de segurança para chegar até eles.

Para tal, sublinhou que deve estar a funcionar em pleno, no caso de Gaza, aquilo que na gíria da ONU se designa como “sistema de notificação humanitária”, que consiste em cessar as ações armadas em locais específicos para que a ONU possa deslocar-se e entregar a ajuda.

A respeito de uma reunião que manteve recentemente com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Griffiths comentou que discutiram o risco de um alastramento do conflito entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas a um nível regional, “o que não seria nada bom”.

A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) — desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel — realizaram em território israelita um ataque de dimensões sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, cerca de 5.000 feridos e mais de 200 reféns.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 40.º dia e continua a ameaçar estender-se a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 11.320 mortos, na maioria civis, 28.200 feridos, 3.250 desaparecidos sob os escombros e mais de 1,6 milhões de deslocados, segundo o mais recente balanço das autoridades locais.