A descarga, equivalente a mais de 500 piscinas olímpicas, de água no Pacífico é um passo importante para garantir a segurança da central, ainda considerada muito perigosa, doze anos após um dos piores acidentes nucleares da História.

Num vídeo transmitido ao vivo da sala de controlo da central, a TEPCO mostrou um membro da equipa a ligar a bomba que descarrega as águas para o mar, três minutos após o início da etapa final.

A bomba enviou o primeiro lote de água diluída e tratada de uma piscina de mistura para uma piscina secundária, a partir da qual a água é libertada no oceano, a um quilómetro da costa, através de um túnel submarino.

O arranque aconteceu só depois da TEPCO confirmar que não havia qualquer impacto devido ao lançamento por parte da Coreia da Norte de um alegado satélite espião, que provocou a ativação do alerta antimíssil no sul do arquipélago do Japão.

A TEPCO tinha avisado que a central de Fukushima Daiichi poderia, no início de 2024, ficar sem espaço para armazenar cerca de 1,33 milhões de toneladas de água, proveniente de chuva, água subterrânea ou injeções necessárias para arrefecer os núcleos dos reatores nucleares.

A operadora pretende libertar 31.200 toneladas de água tratada até ao final de março de 2024, o que esvaziaria apenas 10 dos cerca de mil tanques de armazenamento, embora o ritmo de descarga deva aumentar mais tarde.

Fumio Kishida, o primeiro-ministro japonês, começou este processo na terça-feira, depois de ter dado o aval final numa reunião dos ministros envolvidos no plano, aprovado pela Agência Internacional de Energia Atómica.

Já na terça-feira, uma tonelada de água tratada foi misturada com 1200 toneladas de água do mar, sendo que a mistura foi mantida na piscina primária por dois dias para amostragem final para garantir a segurança, disse um executivo da TEPCO.

Funcionários da agência de energia nuclear da ONU, que aprovou o plano, irão fiscalizar o processo. Operadores da TEPCO irão recolher amostras da água e dos peixes no local do derramamento.

Estas descargas vêm no seguimento daquele que foi um dos piores desastres radioativos da História, quando uma das partes da central nuclear de Fukushima Daiichi foi destruída por um terremoto, seguido de um tsunami, que também matou quase 18 mil pessoas no mês de março de 2011.

Desde então, a operadora TEPCO acumulou mais de 1,3 milhão de toneladas (equivalente à capacidade de 500 piscinas olímpicas) de água usada para resfriar os reatores ainda radioativos, misturada com água subterrânea e de chuva que se infiltrou.

A TEPCO afirma que a água foi diluída e filtrada para eliminar todas as substâncias radioativas, exceto o trítio, que está em níveis muito inferiores ao que é considerado perigoso.

A maioria dos especialistas e a Agência Internacional de Energia Atômica da ONU apoiam esse argumento: “Quando for liberado no Pacífico, o trítio vai se dissolver numa vasta massa de água e atingirá rapidamente um nível de radioatividade que não difere da água do mar", explicou Tom Scott, da Universidade de Bristol.

"Representa, portanto, um risco muito pequeno, e que se reduz com o tempo", uma vez que o nível de trítio diminui continuamente, acrescentou.