Segundo informações divulgadas pelo MPF, o acordo será assinado nos próximos dias e estabelece a maior multa já fixada no país e no mundo em casos de corrupção envolvendo empresas.

Do total a ser pago, 8 mil milhões de reais (2,1 mil milhões de euros) serão destinados aos fundos de pensões dos funcionários da Caixa Económica Federal e da Petrobras, ao Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) e ao Governo brasileiro.

O restante da multa, de 2,3 mil milhões de reais (580 milhões de euros), será pago através de projetos sociais, especialmente nas áreas de educação, saúde e prevenção da corrupção.

O prazo de pagamento foi fixado em 25 anos, sendo que, neste período, os valores serão corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador que mede a inflação oficial no país sul-americano.

Considerando a correção, a projeção é que o total a ser pago pela J&F, holding que controla a JBS, alcançará cerca de 20 mil milhões de reais (5,4 mil milhões de euros).

Além de prever o ressarcimento financeiro dos danos causados ao património público com a prática de corrupção, a empresa também se comprometeu a colaborar em investigações criminais da polícia federal.

Inicialmente o MPF pediu o pagamento de uma multa de 11,1 mil milhões de reais (3 mil milhões de euros) em 10 anos, enquanto a empresa se oferecia para pagar apenas 1,4 mil milhões (380 milhões de euros).

As partes chegaram a um impasse até retomarem as negociações e fecharem o acordo na terça-feira.

A JBS colocou-se no centro dos escândalos de corrupção do Brasil após dois dos seus donos, os empresários Joesley Batista e Wesley Batista, terem firmado um acordo com a Justiça para delatar crimes de corrupção e evitar a prisão.

Os responsáveis assumiram pagamentos ilegais feitos em nome da JBS para políticos, e as suas denúncias atingiram principalmente o Presidente Michel Temer, o ex-presidente do Congresso (parlamento) Eduardo Cunha e o candidato presidencial derrotado Aécio Neves (direita).

O caso chegou a 18 de maio à Presidência com a abertura de um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) ao Presidente brasileiro e o pedido de novas eleições (diretas ou via parlamento) está a ser subscrito agora por dirigentes da base aliada de Michel Temer.

Desde então, o Presidente tem recusado afastar-se do cargo, queixando-se de perseguição política por parte da justiça brasileira.