Na conferência de imprensa de apresentação das conclusões da reunião do Comité Central, que decorreu este fim de semana, Jerónimo de Sousa foi questionado sobre a forma como o PS reagiu aos ‘chumbos’ dos nomes indicados pelo partido para vários órgãos externos, dizendo que o parlamento “bloqueou” instituições democráticas como o Tribunal Constitucional ou o Conselho Económico e Social.

“Fazendo um exercício de memória, ainda me lembro da teoria dos bloqueios, na altura por um primeiro-ministro que depois foi Presidente da República [Cavaco Silva] e eu acho que é pouco avisado por parte do PS recorrer a essa argumentação”, considerou.

O secretário-geral comunista defendeu que o PS “tem de aprender uma coisa simples, que não tem maioria absoluta”, e deve encarar essa realidade “com naturalidade”, e não ver como uma afronta a rejeição de medidas ou nomes apresentados pelo partido.

“É uma visão estreita, esse argumento de força de bloqueio não é politicamente acertado”, considerou.

Questionado se o PCP estará disponível para negociar novos nomes que venham a ser apresentados pelo PS, Jerónimo de Sousa respondeu que “o PCP não negoceia, mas tem sempre opinião”.

“Estamos sempre disponíveis para encontrar soluções, mas sempre com autonomia e independência para decidir do voto em conformidade”, disse.

Sobre a notícia hoje revelada pelo jornal Público, que o presidente da Relação de Lisboa é suspeito de irregularidades na distribuição de processos, o líder dos comunistas foi cauteloso, horas depois de a coordenadora do BE, Catarina Martins, ter pedido a suspensão de funções de Orlando Nascimento.

“Trata-se de um processo em que não queremos avançar precipitadamente com condenações, mas, a confirmarem-se, os factos são de grande gravidade”, afirmou Jerónimo de Sousa.

Para o secretário-geral do PCP, “num quadro em que os portugueses precisam de justiça célere e independente”, uma confirmação destas suspeitas “não será boa nem para a justiça nem para a democracia”.

“Não nos apressamos a tirar conclusões e decisões, isso cabe ao setor da justiça”, acrescentou, contudo.

O Público noticiou os resultados preliminares de uma auditoria aberta pelo Conselho Superior da Magistratura (CSM), dizendo que este órgão se reunirá na terça-feira para tomar medidas.

Segundo o jornal, a investigação foi aberta CSM há cerca de duas semanas, para apurar eventuais falhas na distribuição de processos aos diversos juízes do Tribunal da Relação de Lisboa e detetou irregularidades que implicam o atual presidente da Relação de Lisboa, Orlando Nascimento, que sucedeu ao ex-presidente daquele tribunal, Luís Vaz das Neves, constituído arguido na Operação Lex.