“A preparação deste evento só foi possível com a entrega e dedicação empenhada dos trabalhadores do município e das empresas municipais, como tem sido repetidamente reconhecido ao longo das várias etapas deste singular percurso”, lê-se no voto de saudação apresentado pela liderança PSD/CDS-PP, que governa sem maioria absoluta.

Em reunião pública da câmara, o voto foi viabilizado com os votos favoráveis dos 17 membros do executivo municipal, nomeadamente sete eleitos da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) – que são os únicos com pelouros atribuídos -, três do PS, dois do PCP, três do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), um do Livre e um do BE.

Considerando que é o momento de reconhecer e agradecer aos trabalhadores do município e das empresas municipais pelo “tanto que já foi feito” na preparação da cidade para acolher a JMJ, a Câmara de Lisboa disse esperar que o evento, também pela “inexcedível dedicação” dos trabalhadores do universo municipal, “possa ser o êxito que a cidade merece”.

Na apresentação do voto, o vice-presidente da câmara, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), que tem assumido a responsabilidade do município na preparação da JMJ, dirigiu um agradecimento especial à Unidade de Missão da JMJ, coordenada por David Lopes, com a participação de Jorge Oliveira Carmo e de Álvaro Covões.

Antes da votação, o vereador do PS Pedro Anastácio defendeu “um agradecimento com maior latitude”, considerando que “houve empenho de muita gente”, além da Câmara Municipal de Lisboa e dos seus trabalhadores, apontando o “empenho do coordenador José Sá Fernandes [da parte do Governo]”, bem como da Câmara Municipal de Loures, presidida pelo socialista Ricardo Leão.

Do Cidadãos Por Lisboa, a vereadora Floresbela Pinto enalteceu o “esforço brutal” dos serviços municipais na preparação da JMJ, mas questionou se os direitos dos trabalhadores estão a ser respeitados, relatando casos de pessoas que não podem marcar férias, procurando esclarecer se o voto de saudação serve para “mascarar algum mal-estar que tem sido sentido” nesse âmbito.

Em resposta, o vice-presidente da câmara assegurou que “todos os direitos dos trabalhadores estão a ser escrupulosamente observados”, acrescentando que a marcação de férias tem de ser acordada com a entidade patronal, sendo “natural” que num evento desta dimensão seja mobilizado o maior número de recursos humanos.

Anacoreta Correia adiantou que “a grande maioria dos trabalhadores revelou, realmente, uma grande disponibilidade” para trabalhar durante a JMJ, o que é motivo de “muito orgulho”.

O vereador do Livre, Rui Tavares, perguntou sobre o Conselho Municipal da Juventude, que teve a última reunião em novembro de 2021, questionando sobre a disponibilidade para ouvir os jovens da cidade num momento em que Lisboa “quer mostrar os jovens de todo o mundo”.

Com o pelouro da Juventude, a vereadora Sofia Athayde (CDS-PP) disse que o Conselho Municipal da Juventude “está em processo de revisão para respeitar integralmente a lei e, ao mesmo tempo, garantir a sua operacionalidade”, referindo que este órgão consultivo do município tem uma grande dimensão de participantes, considerando o número de escolas que existem na cidade, mas a intenção é convocar um novo plenário “ainda este ano”.

A vereadora do BE, Beatriz Gomes Dias, questionou sobre o investimento do município na JMJ, inclusive a indiciação de que ronda já os 40 milhões de euros, solicitou um esclarecimento sobre ajustes diretos que a câmara fez para contratos de publicidade e considerou que a separação inequívoca das funções do Estado e da Igreja “não está a acontecer”.

O vice-presidente da câmara reforçou que o investimento do município está dentro do limite definido de 35 milhões de euros, reiterou que foi cumprida a lei nos procedimentos de ajuste direto, em que houve uma preocupação de fazer auscultações ao mercado mesmo quando não era necessário, e revelou que “na Lisboa - Capital Verde o investimento em comunicação foi muito superior” ao da JMJ.

Considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, a JMJ vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 01 e 06 de agosto, com a presença do Papa Francisco, sendo esperadas mais de um milhão de pessoas.