“A principal razão que nos leva a apresentar esta candidatura é a convicção de que esta candidatura, com o seu percurso e com o seu projeto, tem soluções para os problemas da cidade que a maioria PS, na última década, não quis ou não soube resolver”, diz à Lusa o também vereador na capital.

De acordo com João Ferreira, “estes problemas acabam por se centrar também nalgumas das prioridades” da CDU (constituída pelo PCP e pelo Partido Ecologista "Os Verdes"), no que toca a “questões do acesso à habitação” e de mobilidade, particularmente nos transportes públicos.

Acresce a necessidade de “diversificar e de alargar a base económica da cidade, contrariando a tendência para o afunilamento do turismo”, e de apostar numa “política de reabilitação urbana que tenha em conta as pessoas e não apenas o edificado, incluindo as que ainda vão vivendo nos bairros”.

Entre medidas que pretende concretizar, João Ferreira aponta a criação de “um quadro normativo de incentivos que garanta uma reserva de fogos de habitação pública a partir das operações de construção nova ou de reabilitação profunda” e de uma “bolsa de fogos para arrendamento a custos controlados [com base nos rendimentos] a partir do património imobiliário disperso” do município.

No que toca aos transportes, fala na “reversão no imediato aos preços que se verificavam em 2011”, tanto na rodoviária Carris, que agora está na esfera municipal, como no Metro, que continua sob alçada do Governo. A descida dos valores, diz, aconteceria mediante negociação com a Câmara.

O candidato defende também a regulação da atividade turística, que “não tem existido”, assim como a aplicação de um programa de revitalização e modernização do comércio tradicional, sem focar apenas as lojas históricas.

“Depois há medidas mais de fundo, mas que não se perspetiva que venham a ser implementadas no imediato”, adiantou João Ferreira, falando na revisão do Plano Diretor Municipal, “que se afigura como essencial”.

João Manuel Peixoto Ferreira, de 38 anos, biólogo de formação e doutorado em Ecologia, já encabeçou as listas da Coligação Democrática Unitária (CDU) para Lisboa (2013) e Bruxelas (2014).

João Ferreira desempenha funções no Parlamento Europeu desde 2009, quando foi eleito como ‘n.º 2’, depois de Ilda Figueiredo, acumulando-as com o cargo de vereador sem pelouro da Câmara Municipal de Lisboa desde 2013.

No partido, João Ferreira está entre os dirigentes da Organização Regional de Lisboa e do Setor Intelectual local do PCP.

Enquanto estudante, além de membro da Junta de Freguesia da Ameixoeira, aproximou-se da política, fundando e presidindo à Associação de Bolseiros de Investigação Científica, entre 2003 e 2007.

Na Faculdade de Ciências da Universidade de Nova de Lisboa, João Ferreira pertenceu à direção da associação de estudantes, ao conselho diretivo, à assembleia de representantes e ao conselho pedagógico.

Em Bruxelas, o autarca lisboeta (sem pelouros), que foi técnico superior da Associação Intermunicipal de Água da Região de Setúbal e tem presença regular em debates e comentários na televisão por cabo SIC Notícias, é membro efetivo da Comissão das Pescas e dos Assuntos Marítimos e suplente na Comissão da Industria, Investigação e Energia, além de vice-presidente da Delegação à Assembleia Parlamentar Paritária ACP-EU (África, Caribe e Pacífico-União Europeia).

Nas autárquicas de 2013, a CDU arrecadou 9,85% dos votos, o equivalente a 22.519, conquistando assim dois mandatos, um deles atribuído a João Ferreira e outro a Carlos Moura.

À frente ficaram o PS - cuja lista integrou os movimentos Cidadãos por Lisboa e Lisboa é muita gente -, com 50,91% (116.425) dos votos e 11 mandatos, e a coligação PSD/CDS-PP/MPT, com 22,37% (51.156) dos votos e quatro mandatos.

Nas eleições de 2009, a CDU elegeu um vereador.

Como adversários já conhecidos nestas eleições autárquicas, marcadas para 01 de outubro, terá Assunção Cristas (CDS-PP), Ricardo Robles (BE) e Teresa Leal Coelho (PSD). Pelo PS, o candidato deverá ser o atual presidente, Fernando Medina.