Conta o The New York Times que Jon Hetherington, de 34 anos, estava pronto "há 25 anos" para ter a oportunidade de ver Beyoncé ao vivo. Primeiro conseguiu um dos muitos cobiçados bilhetes para a Renaissance World Tour, marcou viagem e arranjou boleia até ao aeroporto de Eugene, cidade do estado de Oregon.

O problema foi quando chegou ao aeroporto, na passada quinta-feira e, após várias tentativas infrutíferas, foi confrontado pelo facto de que a companhia aérea em que ia viajar, a Alaska Airlines, não tinha forma de "acomodar" a sua cadeira de rodas elétrica no voo. "Sentimo-nos péssimos pela experiência do nosso cliente connosco", assumiu a empresa em comunicado.

O fã da cantora norte-americana tem paralisia cerebral e depende desta cadeira para se deslocar. Tentou procurar-se uma solução, outro voo com outra aeronave, mas sem sucesso. O único voo disponível faria com que chegasse a Seattle 12 horas depois do concerto.

Mais do que a história de um fã, é o relato de um problema comum: a falta de acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida. "É um problema sistémico", disse Jon à publicação.

Desiludido, contou nas redes sociais o que tinha acontecido e os fãs de Beyoncé meteram-se em ação. Como? Fizeram o que estava ao seu alcance para, através das redes sociais, fazer chegar o relato de Jon à cantora e à sua equipa — e conseguiram.

Jon conseguiu um bilhete para ver Beyoncé ao vivo esta quinta-feira em Arlington, no Texas. A equipa da cantora não só lhe garantiu bilhete como tratou do transporte.

"Senti-me tão grato", confidenciou, salientando porém que o problema é bem maior: "não criámos uma sociedade inclusiva, (...) somos [pessoas com deficiência] ignorados e invisíveis".

Aliás, semanas antes Jon teve uma experiência igualmente difícil para assistir a um concerto de Janelle Monáe. Dessa vez conseguiu chegar ao evento, mas o voo em que seguia foi atrasado 20 minutos só para conseguirem encaixar a sua cadeira de rodas no avião — "é embaraçoso", disse — e no final do concerto não conseguiu um táxi acessível, aventurando-se sozinho no caminho de regresso ao hotel. A experiência quase o fez desistir de ir ver Beyoncé, mas era "uma oportunidade única na vida".

Esta sexta-feira, o fã não só assistiu ao concerto como conheceu a diva.