O jornalista destacou ainda que “as 107 horas em maio do ano passado, nas quais o país [Portugal] correu inteiramente com energias renováveis, foram um ponto de referência para todo o mundo”.

“Portugal é um líder na Europa no combate às alterações climáticas juntamente com a Dinamarca, Suécia e o meu país, o Reino Unido. Ao contrário do Reino Unido, [Portugal] também tem sido um dos líderes no rápido desenvolvimento da sua energia limpa”, afirmou o britânico, convidado a falar no fórum “Gaia todo um Mundo” que até domingo irá reunir vários pensadores para discutir alterações climáticas.

Para Geoffrey Lean, “todos os países terão de fazer muito mais” para “evitar perigosas mudanças climáticas”.

O jornalista de 70 anos irá hoje falar sobre o tema “ambiente e informação”, baseando-se nos mais de 45 anos de experiência em cobertura ambiental, na qual colecionou vários prémios internacionais, tornando-se depois consultor do Fundo Mundial para o Ambiente (GEF), sendo também um dos júris do prémio Goldman, reconhecido como o prémio Nobel ‘verde’.

Em 2015, escrevia crónicas de meia página para o Daily Telegraph, sendo também editor da secção ambiental, mas essa coluna foi parada com poucos dias de antecedência, e acabou por abandonar o jornal, no mesmo dia em que a cimeira climática de Paris começou.

“Não me deram nenhuma explicação plausível. Não sei se teve a ver com ceticismo climático, mas sei que a balança de opinião nos jornais nacionais britânicos é agora bastante cética. Agora há, no mínimo, 10 céticos climáticos com colunas regulares nas principais páginas desses jornais. Até há dois anos éramos quatro que escrevíamos do outro lado com alguma frequência. (…) Agora sobra um”, revelou.

Geoffrey Lean disse também que os problemas que encontrou quando começou na área foram, surpreendentemente, muitos dos mesmos que existem agora, destacando que a mudança climática era vista como um potencial problema, mas evoluiu de uma futura ameaça para uma realidade, que precisa de atenção urgente para evitar um desastre.

“A destruição do ozono também era vista como um perigo, mas cedo se tornou evidente e está agora a caminho para uma solução”, destacou Geoffrey Lean, assinalando que “a poluição do ar e da água melhorou nos países desenvolvidos, embora permaneça um assunto sério, mas piorou muito mais nos países em desenvolvimento, especialmente na Índia e na China”.

Segundo o jornalista, atualmente existe, porém, “consciência do problema entre quase todos os governos, tal como a adoção do Acordo de Paris e o acordo de objetivos de desenvolvimento sustentável, no ano passado, têm mostrado”.

O ativista prevê ainda que daqui a 100 anos o mundo poderá estar em duas situações contrastantes: a desfrutar de um clima confiável e seguro, com uma baixa economia de carbono, graças à maior transição tecnológica desde a revolução industrial, ou num mundo muito mais hostil, com mais fome, falta de água, conflitos e migrações.

“A próxima década vai decidir qual dos mundos será”, apontou.