Numa intervenção depois de se reunir com os membros do Somar, que agrupa partidos à esquerda dos socialistas (PSOE), para aprofundar o acordo de Governo alcançado com Sánchez, Díaz anunciou também que, depois da investidura de Sánchez, o “Somar vai estender-se a toda a Espanha e estará provido com os órgãos essenciais para realizar todos os debates democráticos”.

Díaz criticou também a direita “que se radicalizou”, se tornou “antissistema” e que é constitucional a “meio tempo”, dirigindo-se ao líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, que acusou de “destruir tudo”, de se colocar “do lado da barbárie” e “arrasar todas as formações políticas, transformando a política no pior de Espanha”.

A líder do Somar acusou também Feijóo e o PP de não serem capazes de “balbuciar um não às medidas do Governo, mas colocarem-se do lado da impugnação de tudo”, considerando ilegítimo qualquer Governo que não seja liderado por eles ou pelo Vox.

Quanto ao acordo assinado com Sánchez, Díaz comprometeu-se com “todas e cada uma das medidas tomadas”, defendendo que esta tem de ser a legislatura da redução do tempo laboral, sem redução de salários.

Além disso, a líder do Somar adiantou que haverá uma reforma de despedimentos para que “acabe de ser uma anomalia na Europa”: “não é justo que um empresário conheça de antemão qual o é preço de despedir um trabalhador em Espanha”.

Díaz assegurou que o acordo celebrado servirá para lançar a “segunda vaga de direitos laborais” em Espanha. “Isto é o que vamos fazer desde o primeiro minuto do Governo de coligação”, prometeu.

“Não queremos que a economia sofra, nem que sofram os de sempre, queremos que aqueles que têm lucros grosseiros apertem o cinto”, e por isso é que foi fundamental no acordo avançar com progressos em matéria fiscal.

Na sua intervenção, Díaz referiu-se ainda à situação em Gaza, dizendo sentir uma “autêntica indignação” perante “os crimes de guerra cometidos por Israel”.

Díaz apelou a um cessar-fogo imediato e mostrou apoio para com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, por defender a legalidade internacional.

O PSOE e Somar assinaram a 24 de outubro um acordo de Governo, na sequência das eleições legislativas de 23 de julho, “com a vontade de dar aos espanhóis, em primeiro, estabilidade, em segundo, convivência e em terceiro, progresso”, disse o líder dos socialistas e primeiro-ministro em funções, Pedro Sánchez.

A formação do novo governo espanhol envolve negociações com os partidos nacionalistas e independentistas e exigências das formações catalãs, que pedem, entre outras coisas, uma amnistia para as pessoas envolvidas em processos judiciais por causa da tentativa de autodeterminação da Catalunha em 2017.

O chefe em exercício do Governo espanhol defendeu hoje a aprovação de uma lei amnistia na Catalunha, justificando-a como a necessidade de “fortalecer” o reencontro entre a Espanha e a Catalunha.

“Em nome de Espanha, no interesse de Espanha, em defesa da coexistência entre os espanhóis, hoje defendo a amnistia na Catalunha pelos acontecimentos ocorridos”, afirmou Pedro Sánchez numa intervenção no comité central do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE).

Em reação, o presidente do PP espanhol apelou ao chefe de Governo interino para que “submeta à decisão de todos os espanhóis” o projeto de amnistia dos dirigentes alvo de processos judiciais devido à tentativa de autodeterminação da Catalunha em 2017.