Numa reunião ao mais alto nível, que juntará 29 líderes – aos 28 países membros junta-se Montenegro, que no início de junho se torna o 29.º aliado – e que marca também a estreia do recém-eleito presidente francês, Emmanuel Macron, e o regresso a Bruxelas do controverso presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, Portugal estará representado pelo primeiro-ministro, António Costa.
Os dois grandes temas em agenda são o aumento das despesas em Defesa pelos europeus e canadianos e um papel maior da NATO no combate ao terrorismo e ao grupo extremista Estado Islâmico.
Estas são duas “exigências” da nova administração norte-americana liderada por Trump, que durante a campanha eleitoral que o levaria à Casa Branca classificou de “obsoleta” a Aliança Atlântica, discurso que entretanto inverteu.
A discussão sobre o reforço do combate ao terrorismo terá lugar três dias depois do atentado de Manchester, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico, que provocou pelo menos 22 mortos e 59 feridos.
Hoje, numa conferência de imprensa na véspera da cimeira da NATO, o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, comentou que depois do ataque em Manchester, “que teve como alvos diretos crianças, jovens e suas famílias”, é mais importante que nunca que “os Aliados enviem uma mensagem de que permanecem unidos na luta contra o terrorismo”.
O outro grande dossiê em cima da mesa é o da partilha de encargos, face à insistência de Washington para que os seus aliados contribuam mais para o financiamento da organização, respeitando o compromisso assumido na cimeira do País de Gales em 2014 de, no espaço de uma década, aumentarem a despesa em Defesa para pelo menos 2% do Produto Interno Bruto (PIB).
Na semana passada, por ocasião de uma reunião em Bruxelas, o ministro da Defesa, José Alberto Azeredo Lopes, disse que Portugal espera que não haja “demasiada insistência” na questão orçamental, no quadro da partilha de encargos entre os membros da Aliança Atlântica, e que seja feita igualmente uma “avaliação qualitativa” dos esforços e contributos do país.
“Temos a certeza de que vamos convencer os nossos aliados de que Portugal cumpre essencialmente as suas obrigações e também demonstrarmos que uma avaliação qualitativa do nosso esforço é de elementar justiça, além das (avaliações) métricas e do reforço do investimento, que nós, aliás, temos mais ou menos como adquirido que pode ter que ser reforçado”, afirmou.
Aproveitando a primeira deslocação de Trump a Bruxelas desde a sua tomada de posse, em janeiro passado, os presidentes da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e do Conselho Europeu, Donald Tusk, reunir-se-ão também, de manhã, com o presidente norte-americano, para uma (muito breve) discussão sobre as relações UE-EUA, também elas “beliscadas” por declarações polémicas de Trump, como o seu apoio à saída do Reino Unido do bloco europeu.
A cidade de Bruxelas estará entre hoje e quinta-feira sob fortes medidas de segurança – a cimeira terá lugar em dia de feriado nacional -, estando previstas várias manifestações “anti-Trump”.
A presença de Erdogan em Bruxelas também é motivo de preocupação para as autoridades policiais, dados os confrontos que têm marcado as manifestações a favor e contra o presidente turco, cujas relações com a UE também estão “no fio da navalha”.
As cerimónias na NATO, incluindo a inauguração simbólica do novo “quartel-general” da organização (que não ficou pronto a tempo de receber esta cimeira), têm início cerca das 16:00 locais (15:00 de Lisboa), e os líderes terão um jantar de trabalho a partir das 17:45, devendo a reunião terminar cerca das 21:00.
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