Esta quarta-feira, 22 de março, além da circulação automóvel, também a de comboios (Linha de Cascais) teve de ser interrompida, por questões de segurança, porque a passagem dos comboios por baixo do viaduto "provoca vibração que podia aumentar o risco" no viaduto, adiantou fonte dos Bombeiros Sapadores de Lisboa. No local estão elementos dos Sapadores Bombeiros, da Proteção Civil, Polícia e equipas técnicas.

Uma testemunha que se encontrava pelas 08h30 no interior do comboio que seguia com destino ao Cais do Sodré, que estava parado há cerca de 15 minutos entre Belém e Alcantara, disse à Lusa que o revisor informou os passageiros de que havia um problema no viaduto de Alcântara. "Além disso também fomos informados pelo sistema de som que devido a acidente havia uma perturbação prolongada na circulação ferroviária", contou. Entretanto, pelas 08h45 o comboio começou a regressar à estação de Belém.

Os passageiros da linha ferroviária de Cascais podem hoje utilizar autocarros da Carris para a ligação entre Algés e o Cais do Sodré, devido ao perímetro de segurança montado no viaduto de Alcântara, em Lisboa, informou a câmara.

De referir que, entretanto, a circulação ferroviária na Linha de Cascais entre Algés e Cais do Sodré foi retomada às 11h00 nos dois sentidos, embora com uma limitação de 10 quilómetros/hora neste troço, disse fonte da Câmara de Lisboa.

Nas redes sociais um utilizador publicou um vídeo que captou a a perturbação que afetou a circulação dos comboios desta manhã.

“O viaduto não está em risco de ruir"

O vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa, Manuel Salgado, afirmou hoje que “não há qualquer risco de colapso do viaduto” de Alcântara, apesar do desvio num pilar.

O responsável da Câmara Municipal de Lisboa reiterou adiantou e que tudo aponta para que a ocorrência “seja resultado de embate de um veículo pesado durante a noite, o que levou à deslocação da estrutura”.

No que concerne as questões de segurança, o responsável recorda que no passado dia 13 de fevereiro o viaduto foi alvo de uma inspeção e que em 2005 foi alvo de obras de reforço.

“Não é muito complexa [a obra a fazer neste momento]. É a montagem de umas torres e de uns macacos hidráulicos para levantarem o tabuleiro e encaixar na posição correta e é aquilo que é previsto fazer de imediato. A nossa expectativa é que ainda possa ser feita durante esta noite a remontagem do tabuleiro na sua posição correta. Nessa altura, terá que ser cortado o trânsito ferroviário, mas será durante a noite”, destacou.

Amanhã é expectável que os comboios estejam a circular normalmente. A circulação rodoviária vai ser retomada, mas ficará condicionada.

“A partir de amanhã, pensamos que a circulação [ferroviária] já será uma circulação normal. Em relação à circulação rodoviária, ela vai ser reposta com condicionamentos ainda hoje. Em breve será reaberta a circulação, não por baixo desse viaduto, mas fazendo aqui um desvio de trânsito. E amanhã, com a consolidação, repor-se-á a circulação ao nível do solo. A circulação ao nível superior, essa ficará condicionada até estarem totalmente asseguradas as condições de segurança”, explicou o vereador.

O secretário de Estado das Infraestruturas disse hoje que "está a acompanhar" o problema do desvio do pilar do viaduto de Alcântara, mas lembrou que "a responsabilidade é da Câmara Municipal de Lisboa (CML)”.

"Estamos a acompanhar, junto da Infraestruturas de Portugal, esta situação. Damos toda a colaboração para encontrar uma solução e grantir a segurança", afirmou Guilherme W. d’ Oliveira Martins, para ressalvar que "a responsabilidade é da CML".

"Esta é uma situação claramente perigosa"

Em declarações ao SAPO24 esta manhã, antes dos esclarecimentos da Câmara de Lisboa sobre as razões do incidente, Fernando Branco, Professor Catedrático do Instituto Superior Técnico, admitiu que a situação "é claramente perigosa". "A sensação que dá [com base nas imagens disponíveis] é que o tabuleiro se movimentou e está em risco de se desprender do pilar. É claramente uma situação de risco que obriga a suspender o trânsito e obriga a uma reparação urgente".

Para resolver a situação no imediato, o especialista diz que "o viaduto deve ser rapidamente escorado, ou seja, devem ser colocados pilares provisórios para sustentar a estrutura. Se o viaduto cair, irão aumentar muito os custos de reparação", alertou.

O professor, que é também também presidente da Associação Internacional de Engenharia de Ponte e Estruturas, havia acrescentado que as causas possíveis deste incidente são "trepidação, variações de temperatura", sendo que "é necessária uma peritagem para apurar as causas". Sabe-se agora que um embate de um pesado durante a noite terá causado o deslocamento do tabuleiro.

[Notícia atualizada às 12h42]

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