A PGR confirma que "estão a ser investigados factos relacionados com as concessões de exploração de lítio nas minas do Romano (Montalegre) e do Barroso (Boticas)", bem como "um projeto de central de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, apresentado por consórcio que se candidatou ao estatuto de Projetos Importantes de Interesse Comum Europeu (IPCEI)" e "o projeto de construção de 'data center' desenvolvido na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade 'Start Campus'".

Segundo a PGR, "em causa poderão estar, designadamente, factos suscetíveis de constituir crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência".

No que diz respeito a António Costa, a PGR refere que, "no decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do primeiro-ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido", pelo que as referências ao caso "serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente".

Por sua vez, "em face dos elementos recolhidos na investigação e por se verificarem os perigos de fuga, de continuação de atividade criminosa, de perturbação do inquérito e de perturbação da ordem e tranquilidade públicas, o Ministério Público emitiu mandados de detenção fora de flagrante delito do chefe de gabinete do Primeiro-Ministro, do Presidente da Câmara Municipal de Sines, de dois administradores da sociedade 'Start Campus' e de um advogado/consultor contratado por esta sociedade", explica a PGR em comunicado enviado às redações.

Sabe-se ainda que "os detidos vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coação".

A PGR informa também que "o Ministério Púbico procedeu ainda à constituição como arguidos de outros suspeitos da prática de factos investigados nos autos, designadamente do Ministro das Infraestruturas e do Presidente do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente".

"No âmbito de inquérito dirigido pelo Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), estão a ser realizadas diligências de busca para identificação e apreensão de documentos e outros meios de prova de interesse apara a descoberta da verdade", refere a PGR.

Em concreto, foram autorizadas 17 buscas domiciliárias e cinco buscas em escritório e domicilio de advogado. Foram também feitas 20 buscas não domiciliárias, designadamente "em espaços utilizados pelo chefe do gabinete do primeiro-ministro, no Ministério do Ambiente e da Ação Climática, no Ministério das Infraestruturas e na Secretaria de Estado da Energia e Clima, na Câmara Municipal de Sines e na sede/espaços de outras entidades públicas e de empresas".

A PGR recorda ainda que "as diligências foram ordenadas ou autorizadas pelas entidades competentes", como é o caso do Ministério Público e juiz de Instrução Criminal,  e "estão a ser executadas com o apoio operacional de elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT)".

É também referido no comunicado que "participam nas buscas 17 magistrados do Ministério Público, três magistrados judiciais, dois representantes da Ordem dos Advogados, cerca de 145 elementos da PSP e nove da AT".

No que diz respeito às buscas nos espaços utilizados pelo chefe do gabinete de António Costa, estas "estão a ser acompanhadas por juiz de Instrução Criminal".