
“O Livre considera que essa utilidade [dos vistos gold] era bastante perniciosa, ou seja, não era utilidade para o país, já há bastante tempo”, defendeu o deputado único do partido, Rui Tavares.
O historiador reagia aos jornalistas, no parlamento, às declarações do primeiro-ministro, António Costa, que hoje afirmou que o Governo está a avaliar a continuidade do regime de 'vistos gold' para obtenção de autorização de residência em Portugal, admitindo que poderá não se justificar mais a sua manutenção.
Tavares lembrou que o partido propôs a abolição deste regime, mas também, enquanto não fossem extintos, que “os procedimentos de investigação prévia aos pedidos de 'visto gold' fossem reforçados para que Portugal pudesse, na medida do possível, separar o trigo do joio em relação a atividades como o branqueamento de capitais, ou todas as questões relacionadas com criminalidade organizada ou fuga ao fisco, que muita gente associava aos vistos gold”.
“O que acontece é que através deste esquema tínhamos gente a aceder à nacionalidade depois de seis anos de vistos gold, numa forma que consistia numa compra diferida de nacionalidade. E nós achamos que a nacionalidade não se vende e, portanto, achamos que já era tempo de acabar com os 'vistos gold'”, defendeu.
No entanto, Rui Tavares deixou um alerta ao Governo relativamente ao regime de atratividade para os chamados “nómadas digitais” - jovens ligados às tecnologias, cuja vinda para o país poderá estar a agravar o preço da habitação nas principais cidades do país.
“Esperamos que o Governo não esteja finalmente a corrigir um erro e a cometer um outro”, avisou.
Para o Livre, o país “tem a ganhar” com o facto de ser atrativo, mas reúne “condições e atratividade mais do que suficientes para as pessoas virem sem precisarem de benefícios fiscais”.
Segundo o dirigente do partido, Portugal deve ajudar noutras matérias como “a morosidade administrativa”, “a relação com o Estado e o SEF [Serviço de Estrangeiros e Fronteiras]”.
“Se não cobramos os impostos devidos a estas pessoas, com que cara vamos olhar para quem tem dificuldade em arranjar casa em Lisboa, para os jovens universitários que não encontram quarto (…), e dizemos que não há dinheiro para acelerar a construção de residências universitárias ou pegar em quartéis, como o Livre defende, e transformá-los em residências universitárias”, sustentou.
Neste contexto, o Livre defende a atratividade do país e “abertura a quem traz capital humano” mas “sem benéficos fiscais, porque a maior parte dos portugueses também não os tem”, sublinhou Rui Tavares.
O primeiro-ministro afirmou hoje que o Governo está a avaliar a continuidade do regime de 'vistos gold' para obtenção de autorização de residência em Portugal, admitindo que poderá não se justificar mais a sua manutenção.
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