“Deve ser consensual com os outros 19, e essa será a tarefa da diplomacia brasileira”, afirmou numa conferência de imprensa em Brasília, no Palácio do Planalto, ao lado do chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva.

“Se criar divisões, sem dúvida que não” deve ser convidado, frisou o chefe de Estado francês.

Lula da Silva já admitiu que convidará Putin para a Cimeira de chefes de Estado do G20 em novembro, no Rio de Janeiro, presidida pelo Brasil.

Em dezembro, assumiu que “ele vai ser convidado”.

Lula da Silva tem tido uma posição ambígua em relação à invasão russa na Ucrânia. Se, por um lado, condenou a invasão, por outro, chegou a afirmar que “quando um não quer, dois não brigam”.

Hoje, durante a conferência de imprensa, Lula da Silva afirmou que o Brasil não quer “tomar lado” e disse que “os dois bicudos vão ter de se entender”, numa alusão a Vladimir Putin e ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

“Não sou obrigado a ter o mesmo nervosismo” dos europeus, declarou.

”Há tanta desigualdade que eu não tenho tempo de pensar noutra guerra”, frisou, acrescentando que é “um pacifista”.

Macron terminou hoje o terceiro e último dia de visita de Estado ao Brasil, aquela que é também a sua primeira visita a um país da América Latina desde que assumiu o cargo em 2017.

No primeiro dia esteve com Lula da Silva na Amazónia, subiram a bordo de um navio da marinha e navegaram pela baía amazónica de Guajará até à ilha de Combú.

Durante a viagem, de cerca de uma hora, realizaram a sua primeira reunião de trabalho a bordo, tendo visitado de seguida um projeto de desenvolvimento sustentável do cacau.

No âmbito do encontro com os povos indígenas, Macron condecorou o cacique Raoni Metuktire, um dos mais célebres e antigos defensores da Amazónia, atualmente com 92 anos, com a Ordem Nacional da Legião de Honra concedida pelo Estado francês.

Depois do dia na Amazónia, Lula da Silva e Macron foram ao Rio de Janeiro, para uma visita a um complexo naval situado no município de Itaguaí, onde está a ser desenvolvido um programa franco-brasileiro de submarinos.

Do Rio de Janeiro, Macron seguiu para São Paulo, e chegou hoje a Brasília.

Lula recebeu Macron com honras no palácio presidencial do Planalto. A cerimónia de boas-vindas foi muito mais pomposa do que noutras visitas de Estado e Macron percorreu uma passadeira vermelha de mais de 100 metros de comprimento, entre soldados do histórico batalhão dos Dragões da Independência, até ao palácio presidencial.

Durante a conferência de imprensa, Lula da Silva condecorou Macron com  o Grande Colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração brasileira atribuída a cidadãos estrangeiros.

Já Macron condecorou a primeira-dama Rosângela Silva, conhecida como Janja, com a Ordem Nacional da Legião de Honra no grau de oficial.