Após uma leitura do acórdão, que demorou mais de uma hora, a juíza presidente do coletivo do juízo 22 do Tribunal de Comarca de Lisboa deu como provado que o ex-ministro da cultura tinha, em diversas ocasiões em 2014, agredido, difamado, ameaçado, injuriado e exercido violência doméstica contra a sua ex-mulher.

Quanto ao pedido civel, o tribunal determinou que Carrilho tem de pagar 50 mil euros a Barbara Guimarães e 15 mil euros ao seu ex-namorado Ernesto "kiki" Neves, que também era assistente no processo, mas esteve ausente da leitura do acórdão.

O tribunal considerou que o arguido não mostrou arrependimento e que sempre tentou desculpabilizar os seus comportamentos, tendo decidido que Manuel Maria Carilho frequente um programa de sensibilização para a violência doméstica.

À saída Campos de Justiça, em declarações aos jornalistas, o advogado de Manuel Maria Carrilho, Paulo Sá e Cunha, disse que "há um algum equivoco na comunicação social a este respeito sobre o processo". Segundo o advogado "este processo resulta de factos que ocorreram após o divórcio" e não são "os factos que integram uma pretensa violência doméstica que esteve na origem do divórcio e que são factos que ainda estão em julgamento que ainda não foi decidido". Já Manuel Maria Carrilho defende-se com o tempo: "o tempo em tudo me tem dado razão". "Aos olhos dos meus filhos eu estou cem por cento absolvido", diz o ex- ministro da Cultura. Rematando que "acima do colectivo, há outros tribunais".

Bárbara Guimarães não quis falar à comunicação social, no entanto o seu advogado mostrou-se satisfeito com a pena aplicada ao ex-ministro.

Em maio de 2016, na sessão de tribunal em que foi retomado o julgamento, depois de em abril o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) ter rejeitado o pedido de Bárbara Guimarães e do Ministério Público para o afastamento da juíza Joana Ferrer Andrade, Manuel Maria Carrilho tinha afirmado que se assistira a "uma longa série de patranhas de Bárbara Guimarães", sua ex-mulher e assistente no processo.

Na mesma sessão, a apresentadora de televisão tinha declarado que o ex-marido e antigo ministro da Cultura Manuel Maria Carrilho tinha reagido "muito mal” ao pedido de divórcio e que chegara a ameaçá-la com uma faca.

A apresentadora explicou então ao tribunal o efeito que sentiu ao ler afirmações à imprensa de Carrilho sobre os seus alegados problemas alcoólicos, a frustração profissional, assim como de uma suposta tentativa de violação por parte do padrasto. Bárbara Guimarães disse ter “assistido a tudo aquilo em estado de choque” e classificou de “violentíssima” a história, posta a circular por Carrilho, de que o padrasto a teria tentado violar, situação que deixou a sua “família muito triste”.

Quanto à ameaça com a faca – versão que Carrilho negou – a apresentadora confirmou a notícia vinda a público que o antigo ministro a ameaçara com uma faca, mas precisou que isso aconteceu apenas na presença da filha, Carlota.

Manuel Maria Carrilho entregou esta segunda-feira uma providência cautelar a solicitar a guarda da filha. O pedido surge após um acidente de carro em que Bárbara Guimarães bateu em nove viaturas.

O julgamento de Manuel Maria Carrilho teve início a 12 de fevereiro de 2016, em Lisboa.