Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no final de uma cerimónia na Reitoria da Universidade de Lisboa, questionado sobre a posição do primeiro-ministro, António Costa, contra "a ilusão de que é possível tudo para todos" no que respeita a reivindicações de classes profissionais do setor público.

Ressalvando que não comenta nenhum "processo reivindicativo específico", o chefe de Estado considerou que "há uma evidência: é que a posição do Presidente da República e a posição do primeiro-ministro são iguais, quando se trata de não desbaratar aquilo que deu tanto trabalho aos portugueses".

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, é preciso salvaguardar "esta recuperação financeira" e "o sacrifício que fizeram para se chegar aonde se chegou em termos de controlo do défice, de diminuição da dívida pública, de credibilidade e prestígio internacionais, de crescimento da economia, de redução do desemprego".

"Eu penso que é isso que o senhor primeiro-ministro quer dizer, e é isso que o Presidente da República pensa, porque corresponde a uma escolha do país. É uma escolha do país, o país percebe que aquilo que for necessário fazer em termos de justiça social deve ser feito, mas sem pôr em risco o que é muito importante e foi conquistado até agora em termos de finanças, de economia e de emprego", acrescentou.

O chefe de Estado acentuou que "deu muito trabalho chegar-se aí" e que "tudo o que venha a ser no futuro decidido não pode pôr em causa esse objetivo fundamental" de manter o equilíbrio financeiro.

"Se não, aquilo que se está aparentemente a dar com uma mão está-se a tirar com várias mãos, e tem um preço futuro muito elevado", advertiu.

O Presidente da República recusou, contudo, associar esta sua posição diretamente às reivindicações dos professores ou a quaisquer outros "casos em particular".

"Esta é uma posição de princípio que este Governo assumiu desde o início, que esteve no Orçamento para 2016, no Orçamento de 2017. E, portanto, eu estou convencido de que está até ao fim da legislatura como uma ideia fundamental do Governo", declarou.

Hoje, em declarações em Tunes, no final do Fórum Luso-Tunisino, depois de confrontado com as expectativas de trabalhadores do Estado em relação à política de rendimentos do Governo, António Costa manifestou-se contra "a ilusão de que é possível tudo para todos", afirmando que "já não existe isso" e que "Portugal não pode sacrificar tudo o que conseguiu do ponto de vista da estabilidade financeira".

O primeiro-ministro afirmou ainda "a consolidação das contas públicas, a eliminação do défice e a redução da dívida para desonerar a economia e as finanças públicas portugueses" constitui um "princípio fundamental" do Programa do Governo.