A distinção foi atribuída ao monarca britânico durante um encontro no Palácio de Buckingham esta manhã.

A mesma condecoração tinha sido atribuída anteriormente à mãe do monarca, a Rainha Isabel II.

O 650.º aniversário da Aliança Luso-Britânica foi hoje celebrado com solenidade em Londres pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo rei britânico, Carlos III, numa cerimónia religiosa e com pompa militar.

O serviço religioso anglicano de Ação de Graças [Thanksgiving] decorreu na Capela da Rainha [Queen’s Chapel], que foi frequentada pela rainha Catarina de Bragança (1638-1705) durante o casamento com o rei inglês Carlos II.

O brasão da rainha Catarina, unido ao de Carlos I, em talha, ainda permanece de forma destacada por cima do altar e na galeria, representando os laços próximos entre a família real britânica e Portugal.

No exterior estavam formados dois destacamentos militares e uma banda, incluindo um grupo montado regimento de 'Household Cavalry' e um grupo apeado de 'Welsh Guards of the Household Division'.

O Rei britânico e o Presidente português chegaram juntos de automóvel do Palácio de Buckingham, onde passaram em revista uma Guarda de Honra militar, e atravessaram a porta da Capela ladeada de alas militares dos dois países.

A entrada na Capela foi anunciada por quatro trompetistas oficiais, fazendo levantar a assistência de cerca de 100 pessoas.

Presentes estavam os ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal e do Reino Unido, João Gomes Cravinho e James Cleverly, e o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Portugal, general Nunes da Fonseca.

Entre os convidados estavam o embaixador do Reino Unido em Portugal, Christopher Sainty, a embaixadora de Portugal na UNESCO, Rosa Batoréu, bem como os duques de Bragança e de Wellington.

A cerimónia incluiu leituras em inglês e português e um programa com música de autores ingleses e portugueses, com peças de William Byrd, Thomas Tomkins, Vicente Lusitano, Diogo Dias Melgás e Manuel Rodrigues Coelho.

As composições vocais foram interpretadas pelo Coro do Queen's College da Universidade de Oxford e o Coro da Capela Royal [Chapel Royal].

O evento de hoje foi o culminar do programa de atividades da Portugal-UK 650, uma iniciativa não oficial sem fins lucrativos que organizou as celebrações dos 650 anos da Aliança Luso-Britânica, que teve o patrocínio dos dois chefes de Estado.

Num breve discurso, a presidente da Portugal-UK 650, Maria João Rodrigues de Araújo, afirmou que o objetivo foi "celebrar e promover a história comum” e "escrever novos capítulos de cooperação”.

"Acredito sinceramente que cumprimos todos os objetivos a que nos propusemos. Estabelecemos projetos e colaborações de longo prazo que irão cimentar os laços de amizade entre os cidadãos de ambas as nossas Nações, assegurando que a Aliança Anglo-Portuguesa, a mais antiga Aliança ainda em existência, continue a prosperar”, vincou.

À saída, o Rei e o Presidente observaram o original do Tratado de Londres de 1373, que normalmente está guardado no Arquivo Nacional britânico, e cumprimentaram algumas das pessoas que estiveram envolvidas nas celebrações.

Antes de partirem, Carlos III e Marcelo Rebelo de Sousa trocaram umas palavras com Alexandre, de 13 anos, um lusodescendente membro do Coro da Capela Royal.

“Perguntei se tinha gostado da peça [de Vicente Lusitano] e ele disse que sim”, contou o jovem à Agência Lusa, que confiou que os pais e toda família na Madeira estavam bastante entusiasmados por ele poder falar com o rei e o Presidente.

O diretor do Coro da Chapel Royal, Joseph McHardy, salientou a ajuda que Alexandre deu para aperfeiçoar a pronúncia do hino nacional português, que foi interpretado, juntamente com o hino nacional do Reino Unido no final da cerimónia.

O Tratado de Paz, Amizade e Aliança assinado em 16 de junho de 1373 por Eduardo III de Inglaterra e o rei Fernando I de Portugal formaliza a aproximação dos dois países proporcionada pelo Tratado de Tagilde, celebrado entre o Rei Fernando I e os emissários do Duque de Lencastre, João de Gante, filho de Eduardo III.

Além de uma declaração de “amizade verdadeira, fiel, constante, mútua e perpétua", o texto determina que nenhuma das partes deve fazer amizade ou favorecer e ajudar inimigos ou rivais e deve ajudar os aliados se algum dos territórios de qualquer um dos reis for invadido.

A aliança foi renovada no Tratado de Windsor de 1386 e por vários outros tratados ao longo dos séculos.