“Nas próximas semanas e meses”, cidadãos e entidades diversas vão ter de “arregaçar as mangas” para reconstruir as suas vidas e os bens perdidos durante os incêndios que assolaram a região, defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.

Para o Presidente da República, que intervinha em Castanheira de Pera, nas cerimónias oficiais do Dia do Concelho, é necessário cumprir o luto, depois dos fogos em que morreram pelo menos 64 pessoas e mais de 200 ficaram feridas.

O luto deverá ser “vivido intensamente, mas olhando para o futuro”, para que as comunidades possam normalizar a sua vida, reconstruir as habitações e recuperar o sistema produtivo, em Castanheira de Pera, Pedrógão Grande e Figueiró dos Vinhos, mas também noutros municípios vizinhos.

O chefe de Estado realçou que importa “reconstruir tudo o que é necessário para a vida coletiva”, concretizando um processo que é “difícil e lento” e que deve prosseguir “mais depressa”.

“Estamos a viver o dia do recomeço da nossa história”, afirmou, num cerimónia simples que decorreu no exterior dos Paços do Concelho.

A propósito das celebrações do Dia do Concelho, dirigiu “uma palavra de honra à nossa história” e frisou que o concelho da Castanheira de Pera, fundado em 1914, “nasceu com os ideais da República Portuguesa”, quando o território, na época com uma pujante indústria têxtil.

O atual concelho, que integrava o município de Pedrógão Grande, tem “uma história feita por milhares de concidadãos” e “atravessou regimes diferentes” ao longo de 103 anos.

Neste contexto, o Presidente da República recordou que, após o 25 de Abril, quando era deputado do então PPD à Assembleia Constituinte, também um cidadão de Castanheira de Pera – “um de entre vós”, numa alusão ao sindicalista Kalidás Barreto – trabalhou no hemiciclo como parlamentar eleito pelo PS.

“A história é feita de recomeços”, disse, frisando que é agora necessário “dar vida à memória e à herança” dos povos da região montanhosa do norte do distrito de Leiria.

Marcelo Rebelo de Sousa preconizou, no entanto, que “é preciso ir muito mais longe e muito mais depressa”.

“Está todo o Portugal com Castanheira de Pera, aqui, hoje”, disse, salientando que a dor e o luto na região foram acompanhados “de coragem e heroísmo”.

Com “o mesmo sentido progressista da história”, sem “olhar a cores, sensibilidades ou crenças”, importa fazer avançar a reconstrução.

“Este povo merece continuar a ser acompanhado pelo povo português”, sublinhou.

A concluir a sua intervenção, antes de assistir a uma missa na Igreja Matriz da vila, na companhia do ministro adjunto Eduardo Cabrita e do presidente da Câmara, Fernando Lopes, o Presidente da República citou uma canção de Rui Veloso: “aquilo que nos une é mais importante que aquilo que nos separa”.