"Quero agradecer-lhe ter sabido compreender o que se passava na sociedade portuguesa, ter sabido eleger a inclusão social como tema do primeiro roteiro presidencial e ter sabido dar o seu próprio exemplo no lançamento da Bolsa de Voluntariado", afirmou o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, na cerimónia que assinalou os 10 anos do lançamento da Bolsa de Voluntariado, que decorreu na zona de Alcântara, em Lisboa, e contou também com a presença de Aníbal Cavaco Silva.

Admitindo que a memória das pessoas às vezes é curta, Marcelo Rebelo de Sousa disse ser necessário reconhecer que "representa uma perceção, uma sensibilidade social muito aguda" lançar em 2006 um roteiro preocupado com a inclusão social quando o mundo ainda não tenha conhecido a crise que atravessaria anos mais tarde.

"As memórias não prescrevem, a memória do atual Presidente da República não prescreve, a memória dos portugueses também não prescreverá", enfatizou, insistindo que há dez anos Cavaco Silva compreendeu o problema da inclusão social e assumiu-o como "prioridade política e social", além de também ele próprio ter dado o exemplo ao ser o primeiro a inscrever-se como voluntário na Bolsa de Voluntariado.

"Os gestos valem mais do que as palavras, valem mil palavras, e o gesto da inscrição pelo Presidente Cavaco Silva valeu, do ponto de vista de responsabilidade política e social, por muitas palavras", acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa, que preferiu "deixar o coração falar" em vez de seguir o discurso que tinha preparado, destacou ainda o papel que Maria Cavaco Silva, mulher do ex-Presidente da República, também desempenhou, não só inscrevendo-se como "número dois na Bolsa de Voluntariado", como pelo forma como no dia-a-dia foi dando apoio, conforto, ânimo e incentivo "a milhentas instituições sociais".

O Presidente da República fez igualmente referência aos milhares de voluntários que existem por todo o país, destacando a viragem que se foi assistindo na sociedade, anteriormente com uma rede de apoio social baseada na família e na vizinhança e, agora, com uma nova resposta, com novas instituições e uma nova forma de organização e sistematização.

"O voluntariado é um desafio que o Presidente Cavaco Silva intuiu e que é cada vez mais importante na sociedade portuguesa, é mais importante e necessário do que há dez anos e vai ser mais necessário daqui a 10 anos", referiu.

No final da sua intervenção, o chefe de Estado destacou ainda "o papel liderante" de Isabel Jonet, não só na Bolsa de Voluntariado, como no Banco Alimentar Contra a Fome ou na Entreajuda, confessando gostar do seu estilo, com "a boca ao pé do coração" e dizendo "aquilo que entende dizer e que não é politicamente correto ou não é socialmente correto".