O Presidente da República foi hoje operado, de urgência a uma hérnia umbilical, está bem disposto, pode ter alta em 48 horas e até pode "despachar" do quarto do hospital Curry Cabral, em Lisboa.
A informação foi prestada aos jornalistas pelo médico cirurgião que o operou, Eduardo Barroso, que explicou que a operação esteve prevista para 04 de janeiro, mas foi antecipada para hoje, depois de o médico da Presidência, Daniel Matos, ter diagnosticado que a hérnia estava estrangulada.
"O intestino meteu-se no orifício da hérnia. Obrigava a uma intervenção de urgência que, felizmente foi feita", explicou Eduardo Barroso, dizendo que foi feito um pequeno corte no intestino.
Quanto à alta é possível em dois dias, mas Eduardo Barroso admitiu, entre sorrisos, que "depende da pressão que ele fizer".
"Se ele quiser ir mais cedo para casa, posso ir vê-lo a casa", acrescentou.
A operação simples, geralmente feita por médicos mais jovens, demorou cerca de uma hora, das 14:30 às 15:00, mas foi feita devido à urgência por Edurado Barroso, enquanto diretor clínico de cirurgia do hospital, e amigo pessoal do Presidente, explicou o médico.
Eduardo Barroso afirmou que o estado de espírito do Presidente “é ótimo” e que, apesar de não ser sua competência, o médico acha que Marcelo pode fazer a sua vida normal dentro de poucos dias.
E até fazer a sua mensagem ao país a partir do hospital – “se calhar até pode fazê-la daqui, era interessante.”
Daniel Matos, médico da Presidência da República, fez um diagnóstico otimista, dizendo que pode fazer “a vida normal no fim do ano”, evitando pegar em pesos, embora tenha dito que, para ele, o tempo de recuperação é sempre maior do que os cirurgiões dizem.
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, esteve no hospital, falou com a equipa que operou o Presidente, obteve informações sobre o seu estado de saúde e fez votos para que "retome a sua agenda política" o mais rapidamente possível.
O que é uma hérnia umbilical?
"Por definição, uma hérnia é um buraco", explica Paulo Alves, cirurgião geral no Hospital de Leiria e no Hospital Soerad, em Torres Vedras. "Neste caso — umbilical —, o umbigo é uma cicatriz, uma zona mais frágil, e há um buraco desta camada que reveste o abdómen", acrescenta.
Os motivos podem ter a ver "com os esforços, com o envelhecimento ou com a diminuição da resistência dos tecidos", levando à abertura de buracos nessas "zonas frágeis", explica o cirurgião ouvido pelo SAPO24.
O episódio que precipitou a intervenção tem a ver com a saída do conteúdo, através desse orifício. "Encarcerar é o conteúdo de dentro, do abdómen, que exterioriza através do orifício da hérnia e fica digamos que encravado, em termos comuns", explica Paulo Alves.
"É um orifício relativamente pequeno; com os esforços sai e depois não se consegue pôr para dentro". Se a situação se prolongar, isto é, "se ficar muito tempo encarcerada, com o aperto, pode comprometer a circulação e fazer gangrena [morte de um tecido], fazer necrose do que lá está dentro. Pode ser só gordura ou até uma zona intestinal", acrescenta o clínico de Leiria.
Intervenção "relativamente simples"
"Na maior parte dos casos, quando se programa — não como este caso de urgência —, faz-se em cirurgia de ambulatório, vão para casa no próprio dia. Quando é de urgência depende das condições locais, se existe gangrena ou não, qual é o estado da hérnia".
"Como não foi uma coisa programada, depende de como é que aquilo [a hérnia] está, como está encarcerado. Normalmente é uma cirurgia simples, com uma recuperação relativamente rápida, mas não se pode fazer esforços durante algum tempo para facilitar a cicatrização", explica Paulo Alves.
"O recobro para ir para casa é rápido, mas o recobro para fazer esforços demora mais tempo", diz. Mas a resposta "depende da pessoa, do tipo de trabalho que tem", diz ao SAPO24.
"Habitualmente aconselho, aos meus doentes, um mês sem fazer esforços, em média. Claro que pessoas que tenham profissões de pouco esforço já conseguem fazer a sua vida do dia-a-dia ao fim de duas semanas. Pessoas com trabalhos mais pesados convém dar mais tempo, tem de ser adequado a cada situação", conclui o cirurgião.
Agenda cancelada nos próximos dias
Na agenda de hoje, Marcelo Rebelo de Sousa tinha prevista uma ronda de audiências com representantes dos juízes e dos magistrados do Ministério Público para discutir o pacto de justiça e os estatutos destas duas classes e uma cerimónia de entrega de insígnias a Carlos Ramos, que salvou várias pessoas no acidente ferroviário de Alcafache, em 1985.
Em 01 de janeiro, é tradicional o Presidente dirigir ao país uma mensagem de Ano Novo, que este ano deveria ser feita a partir de Vouzela, um dos concelhos afetados pelos incêndios de outubro, região que ia visitar nesses dias.
Em 31 de dezembro, o Presidente tinha planeado visitar os concelhos de Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra, e no dia 01 de janeiro de 2018 iria a Arganil, também no distrito de Coimbra, Santa Comba Dão e Vouzela, ambos no distrito de Viseu, de onde iria fazer, em direto, a mensagem de Ano Novo.
Marcelo Rebelo de Sousa passou o dia de Natal em Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra, concelhos afetados pelos incêndios de junho.
[Notícia atualizada às 18:48]
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