Marcelo Rebelo de Sousa telefonou ao autarca de Alijó, distrito de Vila Real, no domingo à noite, já hoje de madrugada em Lisboa, antes de jantar com a comitiva portuguesa que o acompanha na sua visita de Estado ao México.

Questionado pelos jornalistas sobre eventuais novas falhas na rede do SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal) no combate ao incêndio em Alijó, o chefe de Estado disse ter como princípio "no estrangeiro não falar de questões internas", acrescentando: "Portanto, não falarei".

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O combate ao incêndio em Alijó foi reforçado com 150 operacionais durante a madrugada. De acordo com o comandante distrital de operações de socorro de Vila Real, Álvaro Ribeiro, que falou aos jornalistas a noite passada no posto de comando, durante a madrugada o combate ia ser reforçado com cinco grupos, de cerca de 30 elementos cada, provenientes da zona sul do país e de Viana do Castelo.

O Presidente da República recordou que nesta segunda-feira "passa um mês" sobre o início do incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande e que depois alastrou a outros concelhos da região centro, provocando 64 mortos e mais de 200 feridos.

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"Embora distante, tenho no meu pensamento a tragédia que ocorreu, as vítimas da tragédia, os seus familiares, os feridos ainda hospitalizados, os muitos que lutaram contra o fogo, os muitíssimos que manifestaram a solidariedade, a necessidade de se fazer aquilo que eu disse em Portugal que era preciso fazer", afirmou.

"Mas não me vou pronunciar agora sobre matéria de fogos aqui no estrangeiro", reiterou.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chegou no domingo ao México para uma visita de Estado de cerca de 48 horas, concentrada na capital mexicana, com uma forte componente económica.

Um momento "muito propício" para estar no México. O plano da visita

Em declarações aos jornalistas, na Cidade do México, o chefe de Estado afirmou que "o primeiro grande objetivo" desta sua deslocação aos Estados Unidos Mexicanos, a convite do Presidente Peña Nieto, "é, naturalmente, estreitar as relações económicas".

O Presidente da República voltou a salientar o aumento "muito intenso" da presença empresarial portuguesa neste país, e destacou também o crescimento das exportações de bens portugueses que se tem registado este ano, defendendo: "Há aqui, portanto, uma oportunidade única".

Marcelo Rebelo de Sousa realçou que "não havia uma visita de Estado há 17 anos de um Presidente português ao México, embora o Presidente do México tivesse estado, a convite do Presidente Cavaco Silva, há três anos em Portugal".

O Presidente da República vai ser recebido por Peña Nieto às 12:40 locais (18:40 em Lisboa), no Palácio Nacional, e estão previstas intervenções dos dois presidentes perante a comunicação social, pelas 14:15, seguindo-se um almoço oficial oferecido pelo Presidente do México.

De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, no plano multilateral, "há um interesse do México muito grande no acordo com a União Europeia" que está a ser renegociado, "e Portugal tem sido um defensor desse acordo e da sua conclusão até ao final do ano".

"Depois, há relações culturais que têm vindo a aumentar, mas que podem crescer. A comunidade portuguesa também está a crescer aqui, de umas escassas centenas está a converter-se em vários milhares de portugueses", acrescentou.

"Portanto, é um momento muito propício para este encontro", considerou.

Antes de ser recebido no Palácio Nacional, Marcelo Rebelo de Sousa vai visitar e inaugurar oficialmente as instalações da Mota-Engil na Cidade do México.

Nessa ocasião, estará com o ex-vice-primeiro-ministro e anterior líder do CDS-PP Paulo Portas, que preside ao Conselho Estratégico desta construtura portuguesa para a América Latina, e é também consultor da petrolífera mexicana Pemex.

Durante a tarde, visitará a Catedral Metropolitana e as ruínas do Templo Mayor, do tempo dos astecas, e à noite terá um encontro a comunidade portuguesa no México, que se estima que seja composta por cerca de 2500 pessoas.

Questionado sobre a exploração, por subconcessão, da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) que o anterior executivo PSD/CDS-PP tinha atribuído à empresa mexicana Alsa, mas que o atual Governo do PS reverteu, o chefe de Estado relativizou esse episódio, e considerou que a sua visita contribuirá para que seja totalmente ultrapassado.

"Num determinado momento isso foi um tema que foi falado - vem, aliás, do tempo anterior à minha tomada de posse como Presidente da República. Mas, felizmente, houve um salto qualitativo, e foi possível ultrapassar essa situação, no sentido, por um lado, de crescer a presença empresarial aqui e, por outro lado, de haver investidores mexicanos interessados em Portugal", começou por responder.

"Mas é evidente que a minha presença aqui vai também, de alguma maneira, representar o último passo na ultrapassagem dessa questão", completou.

Marcelo Rebelo de Sousa vai estar no México até terça-feira ao início da tarde.

Fazem parte da sua comitiva nesta visita o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro, o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Luís de Castro Henriques, e os deputados Luís Campos Ferreira, do PSD, Edite Estrela, do PS, Nuno Magalhães, líder parlamentar do CDS-PP, e Rita Rato, do PCP.

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