Marcelo Rebelo de Sousa falava no encerramento da cerimónia de lançamento pelo semanário Expresso da reedição do livro "Portugal Amordaçado", na Fundação Calouste Gulbenkian, após um discurso do proferido pelo presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues.

"O que Portugal deve a Mário Soares é incomensurável e reconhecê-lo é um imperativo nacional. Ele foi o maior e o melhor de todos" como lutador pela liberdade e construtor do regime democrático, declarou o atual chefe de Estado, numa referência às figuras políticas dos últimos 65 anos da História do país, na última frase do seu curto discurso, que foi muito aplaudido.

O Presidente da República disse estar naquela sessão na tripla qualidade de cidadão, de analista e de estudioso, e de chefe de Estado, e salientou a importância do livro "Portugal Amordaçado", editado em França em 1972, para a posterior carreira política de Mário Soares e para o futuro do próprio país.

"Este livro foi um passo decisivo no caminho da afirmação de Mário Soares como líder partidário autónomo determinante no futuro contexto democrático europeísta, que viria a nascer do fim do regime e o fim do Império. O livro tem um duplo significado: É o retrato de um passado e a projeção de um futuro inexorável", frisou.

No discurso anterior, Ferro Rodrigues referiu que, durante a sua juventude, defendeu uma via de resistência à ditadura diferente da de Mário Soares, que defendia a social-democracia, "corrente minoritária nas universidades portuguesas no final da década de 60 e início da de 70".

"Hoje, lendo o 'Portugal Amordaçado', verifica-se que entre todos os protagonistas da intervenção política de Mário Soares nos últimos 50 anos, Mário Soares foi o mais coerente, o mais consequente e, mais importante, o mais vitorioso", declarou o presidente da Assembleia da República.

Ferro Rodrigues terminou a sua intervenção com uma promessa: "Bater-nos-emos para que o nosso país não volte a ser amordaçado, porque somos uma democracia com vários poderes e nenhum pode agir sem controlo e sem crítica", disse.