“Há sete anos e uns meses, tratava-se de reafirmar o óbvio, que Portugal é europeu e que não dependia do Presidente, do primeiro-ministro ou do Governo. Havia dúvidas sobre o ciclo da vida política, [mas depois] não houve dúvidas nenhumas e não há dúvidas nenhumas hoje”, declarou.

Esta posição do chefe de Estado português - comparando a atualidade com a de há sete anos, altura em que interveio também na assembleia europeia - foi transmitida em conferência de imprensa, após uma reunião bilateral com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, antes de Marcelo Rebelo de Sousa se dirigir aos eurodeputados num discurso no hemiciclo europeu sobre a sua visão relativa aos desafios da Europa.

“Portugal é muito estável”, apesar de ter “os seus problemas”, garantiu o Presidente da República, quando questionado sobre as atuais divergências com o primeiro-ministro, António Costa.

“Este é o caso de hoje e será o caso no futuro”, adiantou, sublinhando que “o que importa é que os portugueses, como um todo, são pró-europeus”.

No seu discurso no plenário da assembleia europeia em 2016, poucos dias após ter sido eleito, Marcelo Rebelo de Sousa garantiu estabilidade política em Portugal, numa altura em que governava no país um Governo de coligação com base em acordos parlamentares entre o PS, BE, PCP e PEV.

“Havia algumas discussões sobre um novo ciclo político” na altura, observou hoje o chefe de Estado, admitindo “as críticas” de então.

Agora realizada com um Governo maioritário socialista, a visita a Estrasburgo surge numa altura de divergência entre o chefe de Estado e o primeiro-ministro português, António Costa, em relação à permanência no Governo do ministro das Infraestruturas, João Galamba.

Na passada quinta-feira, numa comunicação ao país, o Presidente da República prometeu que estará "ainda mais atento e mais interveniente no dia-a-dia" para prevenir fatores de conflito que deteriorem as instituições e "evitar o recurso a poderes de exercício excecional".

O chefe de Estado qualificou a sua discordância em relação à decisão do primeiro-ministro de manter João Galamba como ministro das Infraestruturas como uma "divergência de fundo" e considerou que essa decisão de António Costa tem custos "na credibilidade, na confiabilidade, na autoridade do ministro, do Governo e do Estado".

(Notícia atualizada às 11h43)