"Já existe uma Europa a várias velocidades e nós, felizmente, pertencemos à primeira velocidade, no euro. Há quem não pertença ao euro, há quem não pertença a outras cooperações reforçadas", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.

"Já existe, não tem novidade nenhuma", reforçou.

Segundo o chefe de Estado, "Portugal, e bem, está sempre na primeira linha, porque está no euro, defende posições e políticas comuns em matéria de refugiados e de migrações, defende maior integração política na União Europeia e entende que é fundamental reforçar os laços entre a União Europeia e a NATO".

Marcelo Rebelo de Sousa, que falava no final de uma visita à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), relativizou assim o debate em torno da posição assumida em conjunto pelos líderes francês, alemão, espanhol e italiano a favor de uma UE a várias velocidades, que permita que uns Estados-membros avancem mais rapidamente do que outros.

"O fundamental é que nessas velocidades Portugal esteja sempre, como dizia o Presidente Cavaco Silva, no pelotão da frente, como diz agora o primeiro-ministro António Costa, na linha da frente. No fundo, não sei se percebem que são expressões diferentes para dizer o mesmo. Temos de estar no pelotão da frente, na linha da frente, isto é, na primeira velocidade", defendeu.

Segundo o Presidente da República, "há outros países que querem ficar numa segunda linha, num segundo grupo", e "têm direito a isso, desde que a primeira velocidade seja aberta e, quando eles mudarem de ideias, ou puderem ou quiserem mudar de ideias, eles possam aderir aos que estão na primeira linha".

"A existência de outras velocidades é um facto", insistiu.

Interrogado se Portugal tem capacidade para se manter "na primeira linha", Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Sou determinadamente otimista no sentido de que, até agora, Portugal tem estado na primeira linha, vai continuar na primeira linha e sentimo-nos bem na primeira linha - na tal primeira linha representada na cimeira por países tão diversos como a Alemanha, a Espanha, a França ou a Itália".

Interrogado sobre uma eventual saída da UE, considerou que "é um não cenário" e que "não existe sair da Europa, como não existe sair do euro", sustentando que "pertencer à zona do euro, da moeda única, teve e tem e terá muito mais vantagens para Portugal do que não pertencer".

Questionado uma vez mais sobre o governador do Banco de Portugal, o Presidente da República voltou a não responder diretamente, reiterando que "é preciso estabilizar e consolidar" o sistema financeiro e que "há passos ainda importantes a dar".

Como exemplos, apontou a "venda do Novo Banco", a solução para "os ativos problemáticos" e "o regime da supervisão", e também "a saída do processo de défice excessivo", que "exige no futuro um sistema financeiro que financie a economia".

"Temos muita coisa para fazer, e isso é o que me preocupa, confesso que tudo o resto me preocupa menos", acrescentou.