Numa nota divulgada no portal da Presidência da República na Internet, o chefe de Estado refere também que Simone Veil "tinha uma relação duradoura e profunda com Portugal, país que admirava, orgulhando-se do seu papel como curadora da Fundação Champalimaud", e envia "sinceras condolências" à sua família e ao povo francês.

Simone Veil, sobrevivente de Auschwitz, autora da lei de legalização da interrupção voluntária da gravidez em França e primeira presidente do Parlamento Europeu, morreu hoje, aos 89 anos, em casa, anunciou à agência France-Presse o seu filho, Jean Veil.

"Foi com tristeza que tomei conhecimento da morte de Simone Veil", afirma Marcelo Rebelo de Sousa, na nota divulgada no portal da Presidência.

Segundo o Presidente da República, "Simone Veil teve uma notável carreira política no seu país, mas é sobretudo como espírito livre, amante da liberdade e visionária de uma União Europeia ambiciosa e generosa, que a posteridade a deverá recordar".

"Já imortalizada pela Academia Francesa, da sua vida empenhada e profícua é indissociável o seu contacto direto com o terror absoluto, sobrevivente que foi do campo de Auschwitz-Birkenau, onde perdeu pai, mãe e irmã", acrescenta.

Simone Veil nasceu em 13 de julho de 1927 em Nice, sudeste de França, no seio de uma família judia e laica. Toda a sua família foi deportada em 1944 para campos de concentração: o seu pai e o seu irmão, Jean, para a Lituânia, uma das irmãs foi mandada para Ravensbruck, e ela, a sua mãe e uma segunda irmã foram deportadas para Auschwitz. Apenas as três irmãs sobreviveram.

Magistrada, Simone Veil entrou em 1956 para a administração penitenciária francesa, onde se ocupou das questões relacionadas com a adoção. A sua casa era já então um salão político, onde se juntavam gaulistas e centristas.

Em 1974, Simone Veil entrou na política como ministra da Saúde no Governo de Jacques Chirac. O seu combate para adotar a lei - contra uma boa parte da direita francesa - sobre a interrupção voluntária da gravidez fez dela durante muito tempo a figura mais popular do país.

Em junho de 1979, Veil foi eleita presidente do Parlamento Europeu, função onde se manteve até 1982. Entre 1984 e 1989, liderou o Grupo Liberal e Democrático do Parlamento Europeu. "O facto de ter feito a Europa reconciliou-me com o século XX", disse um dia.

Simone Veil voltaria à política francesa em 1993 para assumir as funções de ministra de Estado e da Segurança Social, Saúde e Cidades. Em 1997, presidiu ao Conselho de Integração e no ano seguinte assumiu um lugar no Conselho Constitucional, onde se manteve até 2007, ano em que apareceu ao lado de Nicolas Sarkozy na sua corrida à presidência francesa.