Mariana Mortágua: "Há uma viragem à direita e o BE vai assumir a sua posição na oposição"

Para Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, que foi recebida pelo Presidente da República no Palácio de Belém, "há uma viragem à direita e não há maioria de esquerda, por isso o BE vai assumir sua posição na oposição".
Mariana Mortágua:
ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Após reunião com o Presidente da República, Mariana Mortágua (Bloco de Esquerda) afirmou que o partido "manifestou preocupação com os resultados" a Marcelo Rebelo de Sousa, afirmando também que após as eleições "há uma viragem à direita e não há maioria de esquerda, por isso o BE vai assumir sua posição na oposição".

“O Bloco de Esquerda, e foi essa a decisão e a posição que manifestámos ao senhor Presidente da República, está empenhado em ser uma oposição determinante, uma oposição forte a este resultado da direita e a uma governação de direita”, disse, lembrando que “a esquerda não tem uma maioria face aos resultados eleitorais”, disse ainda.

Outra preocupação que a líder do BE levou a Marcelo foi sobre a situação na Madeira.

“Para garantir uma questão de coerência com decisões tomadas no passado é importante que o senhor Presidente da República convoque eleições na Madeira e quisemos também deixar essa nota, mantendo uma posição que já tínhamos tomado no passado e que continuaremos a defender”, apelou.

De acordo com Mariana Mortágua, "o PSD/Madeira não tem condições para se manter no Governo, independentemente da liderança desse Governo".

"Há uma crise de regime, uma crise da governação do PSD na região autónoma da Madeira ao longo de décadas e a saída para uma crise política desta dimensão e com esta gravidade são eleições. defendemos isso na República, defendemos isso na Madeira em coerência e esperamos a mesma coerência por parte do senhor Presidente da República", defendeu.

A líder do BE referiu que, neste cenário de oposição à direita, os bloquistas deram os "primeiros passos" e pediram "reuniões aos restantes partidos da esquerda, ecologistas" para que se "coordenar passos, criar pontes, criar convergências na oposição e também garantir uma mobilização para uma manifestação histórica nos 50 anos do 25 de Abril".

"Não há datas. Estamos neste momento a acertar calendários entre as várias delegações partidárias. E sim, gostaríamos que fosse antes da instalação da Assembleia da República, respondeu aos jornalistas quando questionada sobre o calendário dessas reuniões, já aceites por PS, PCP, PAN e Livre.

Às perguntas sobre a posição de partidos como o Livre, que dois dias antes em Belém disse acreditar ainda numa governação à esquerda, se esta superar em votos e mandatos "a direita democrática", Mortágua reiterou que "não há uma maioria de esquerda no parlamento" que permita "criar uma solução governativa de estabilidade".

"Infelizmente, e infelizmente para o país, há uma viragem expressiva à direita. Esse resultado foi admitido pelo próprio secretário-geral do PS [Pedro Nuno Santos] quando, logo na noite das eleições, deixou conhecer que ficaria na oposição e que assumiria uma posição de oposição política. Esta análise dos resultados desta eleição é muito clara, apesar da contagem de votos que ainda é preciso fazer na emigração", defendeu.

A AD, que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).

A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.

Estão ainda por apurar os quatro deputados pela emigração, o que só acontece no dia 20 de março. Só depois dessa data, e de ouvir os partidos com representação parlamentar, o Presidente da República indigitará o novo primeiro-ministro.

(Artigo atualizado às 19h59)

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