O chefe do executivo de Madrid apelou aos promotores do referendo para reconhecerem de uma vez por todas que a consulta não acontecerá, noticiou a Efe.

"O mais sensato, o mais razoável e o mais democrático, é parar, dizer que não há referendo pois eles sabem que não haverá", disse Rajoy, sublinhando que está nas mãos dos que lançaram esta questão "o retorno à normalidade, à tranquilidade e à lei".

Mariano Rajoy encontra-se em Palama de Maiorca para participar no encerramento de uma reunião dos presidentes provinciais do Partido Popular, e insistiu, mais uma vez, que "não haverá referendo porque nenhuma democracia no mundo pode aceitar liquidar a Constituição ou a soberania nacional".

"Os seus organizadores sabem disso, eles sabiam disso há muito tempo", disse Rajoy.

O líder do Partido Popular referiu que os membros da comissão eleitoral se demitiram na sexta-feira para não pagar as multas impostas pelo Tribunal Constitucional e, sem um conselho eleitoral, "não pode haver um referendo, pode haver outra coisa", mas não essa consulta, disse.

Além de afirmar publicamente que não haverá referendo, Rajoy pediu aos responsáveis do Governo autónomo catalão que acabem com esta situação e para terminar com o "assédio" aos autarcas e as manifestações para "intimidar os juízes".

Falando nos protestos na rua, Rajoy disse que "é inaceitável que a pessoa que preside ao Parlamento Regional se manifeste em frente à mais alta instância judicial", referindo-se à presença da presidente do “Parlament” (Parlamento da Catalunha), Carme Forcadell, na concentração para exigir a libertação dos detidos em frente Tribunal Supremo de Justiça da Catalunha (TSJC).

Hoje, também o coordenador federal da Izquierda Unida (IU), Alberto Garzón, por seu turno, acusou o Governo de Madrid e o "bloco reacionário" formado pelo PP, pelo partido Ciudadanos e o Partido Socialista Operário Espanhol da Andaluzia, de deitar gasolina no fogo e serem "uns irresponsáveis e desajeitados" face à situação “muito séria" na Catalunha.

Alberto Garzón criticou o facto de o Governo e os partidos que o apoiam "não conseguirem entender que o que está a acontecer na Catalunha é um problema político que exige soluções políticas".

O líder esquerdista acusou-os de irresponsáveis por terem polarizado a situação e levá-la a "uma situação de repressão, provavelmente inédita, nas sociedades democráticas".

O secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, falando também hoje, disse que o imobilismo político do Governo paralisa uma solução política na Catalunha e assegurou que os socialistas vão forçar Mariano Rajoy a dialogar e a encontrar uma solução de compromisso para resolver o conflito catalão.

Sánchez, que interveio na cerimónia de abertura do ano político do Partido Socialista Catalão em Badalona, a 11 quilómetros de Barcelona.

Sánchez questionou: "De que serve um Governo em Espanha, que delega todas as suas funções aos tribunais?".

"Sem lei, não há saída, mas também sem política", disse o líder socialista, que apontou que "nem a Catalunha é [Carles] Puigdemont [presidente do governo autónomo catalão], nem a Espanha é Mariano Rajoy".