No nono dia de campanha, e depois de passar a manhã no debate em simultâneo da TSF, RR e Antena 1, a caravana de Marisa Matias voltou ao Cinema São Jorge – local onde tinha estado no primeiro comício virtual do período oficial de campanha -, a uma sala vazia na qual se encontrou com dois trabalhadores do setor da cultura afetados pela pandemia, com o objetivo de reclamar mais apoios para estas pessoas.

“Houve uma má preparação por parte do Governo em relação à segunda e à terceira vaga e também a Presidência da República no sentido em que subestimou esta segunda e esta terceira vaga”, reiterou, quando confrontada com as suas declarações do dia anterior, nas quais apontou falhas nesta preparação por parte das autoridades e dos poderes públicos .

Confrontada com a declaração do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, precisamente no debate das rádios desta manhã, que considerou que o Governo não previu a terceira vaga da pandemia de covid-19, a candidata presidencial foi perentória: “numa situação destas as responsabilidades têm que ser assumidas por todos os órgãos de soberania e não apenas por um”.

Para Marisa Matias, “a falha maior continua a ser a mesma”, ou seja, “há um desencontro total entre a exigência que é pedida às pessoas e os apoios que estão a ser dados e as pessoas precisam desses apoios para viver”.

“Estamos no pior momento, mas estamos perfeitamente a tempo de corrigir essas falhas e de fazer coincidir o que são exigências com apoios para que as pessoas possam cumprir”, apelou.

Sobre as eventuais medidas que possam sair do Conselho de Ministros de hoje, a dirigente e eurodeputada bloquista insistiu que se deve fazer sempre o que “é recomendado pelas autoridades de saúde”.

“Não sei quais são as medidas, mas o conselho acho que deve ser esse. Todos os setores que tiverem de fechar, devem fechar, mas tendo a certeza e a garantia de apoios. Todos os setores e atividades que precisam de ficar abertos, devem ficar, mas garantindo que há um programa vasto e alargado de rastreio e de testagem que não está a acontecer”, defendeu.

Outras das coisas que deve acontecer, para Marisa Matias, é que todos os apoios todos e todos os recursos estejam “disponíveis a apoiar o SNS, sejam eles privados, sociais e avançar mais depressa possível para requisição”.

O Presidente da República e recandidato considerou hoje que o Governo não previu a terceira vaga da pandemia de covid-19 e afirmou que, se for necessário, será utilizada a requisição civil de meios de saúde privados.

“Eu diria que houve, por um lado, a não antevisão da terceira vaga no tempo propriamente dito, a concentração no caso da grande Lisboa, e houve a sensação de que não iam ser necessários tantos recursos privados e sociais quanto aquilo que acabou por ser necessário a partir, sobretudo, do crescimento dos casos em dezembro e em janeiro”, afirmou o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa participou hoje num debate radiofónico entre seis candidatos a Presidente da República (sem André Ventura, que recusou participar), que será o último antes das eleições do próximo domingo.