"A tentativa de fazer combate político com pessoas que são familiares de titulares de cargos políticos" mostra" o nível "deplorável" escolhido pelos "partidos relativamente ao exercício da ação política", disse Fernando Medina, ministro das Finanças, referindo-se "não exclusivamente ao Chega", mas também ao PSD, que "entrou exatamente pela mesma linha".

A crítica do ministro continua: "cada um escolhe o seu estilo e a sua forma de estar na política. Eu não baixarei a esse nível".

"É a primeira vez que eu me recordo que um político é criticado" por "adversários políticos, não por nomear alguém, mas sim por não nomear alguém", começa Fernando Medina, dizendo que "a história é muito simples de contar".

"A Dra. Laura Cravo não foi nomeada pelo Governo, não foi pré-nomeada pelo Governo, não tem nenhuma nomeação à espera de nenhum cargo que dependa de nenhum membro do governo", explica o ministro.

"A Dra. Laura Cravo é quadro por uma instituição da administração pública. Como centenas ou milhares de quadros da administração pública portuguesa, encontra-se ao abrigo do regime de mobilidade a desempenhar funções noutro departamento da administração pública, que não aquele que é quadro originário" desempenhando funções no departamento de gestão e planeamento de relações internacionais do Ministério das Finanças.

"Começou a desempenhar as suas funções a pedido desse mesmo departamento, na preparação da presidência portuguesa em 2020, devido às suas competências relativas à área dos mercados e dos serviços financeiros", continua. "E no exercício dessas competências assumiu posteriormente uma coordenação técnica de uma equipa do gabinete de estudos de planeamento e relações internacionais do Ministério das Finanças".

Segundo Fernando Medina, Laura Abreu Cravo não foi nomeada diretora de departamento pelo Diretor Geral pela razão "muito clara" e "natural" de "o Sr. Diretor Geral pretender que o cargo, depois da saída do anterior titular, seja provido em concurso público". Como tal, acrescenta que, "quando abrir o concurso público, quem se quiser candidatar, candidata-se ao exercício do cargo de diretor, que neste momento não está preenchido, nem a Dra. Laura Cravo o preenche".

"Estão a questionar o Ministro das Finanças por uma nomeação que o Diretor Geral do Departamento de Estudos e de Relações Internacionais do Ministério das Finanças não fez. Só pela simples razão de que a Dra. Laura Cravo é, circunstancialmente, mulher do Dr. João Galamba", conclui.

O programa “Exclusivo”, da estação TVI, noticiou que Laura Abreu Cravo, mulher do atual ministro das Infraestruturas João Galamba, coordena há um ano o Departamento de Serviços Financeiros no Ministério das Finanças, liderado por Fernando Medina, embora a nomeação nunca tenha sido publicada em Diário da República.

À TVI, o Ministério das Finanças referiu que Laura Abreu Cravo é funcionária de origem da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e está no GPEARI [Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais] ao abrigo de um Acordo de Cedência de Interesse Público.

"Considerando a experiência e percurso de Laura Abreu Cravo e a necessidade de melhor articular os trabalhos do GPEARI nesta área, foi convidada a permanecer no referido Gabinete, exercendo a partir de março de 2022 funções de acompanhamento e participação do processo legislativo europeu na área dos serviços financeiros, bem como de coordenação e representação da participação do GPEARI em comités técnicos", pode ler-se, de acordo com a resposta das Finanças publicada no ‘site’ da estação televisiva.

O Ministério das Finanças defendeu que Laura Abreu Cravo "não desempenha uma função dirigente na Administração Pública, razão pela qual não houve lugar à sua nomeação [em Diário da República] pelo Diretor-geral do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais", ainda de acordo com a resposta enviada à TVI.

*Com Lusa